Nas horas de um fim de tarde, viu-se a mesa posta. Sobre a toalha bege, de tempos, bordada às dezenas de flores desfiadas, apoiou-se uma rica louça de ascendência inglesa, mas escrava de forno nacional: um bule de dois palmos, tatuado de roxas violetas; dois açucareiros brancos, brancos, um de cada lado; quatro pratos com pequenas frutas pelas bordas; e, até mesmo, muitos casais de prata, colheres solteiras, guardanapos de papel, dentre outros convidados. Enquanto o sol comedido entrava pela janela ao máximo de dois passos da mesa, tudo eram chá e bolachas, molhados um no outro, mas assim que o primeiro reflexo recendeu na parte de cima do pires, a morte teria se desfeito, se a xícara não interviesse com um carinho de soslaio, as costas frias do corpo, contra-corpo.
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
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