................................................................................Fotografia de Herbert List
Hoje é quase dezembro*
e não chove nem há sol
o lusco-fusco se põe entre os dias.
Hoje é quase dezemdro
e o seu barco de madeira já não vejo.
As árvores de natal já não fazem sentido.
As ameixas reluzem em sumo sobre a mesa
e o sabor é uma memória que lateja.
Três vezes em guerra
a se debater
a empurrar
e a falar pros teus ouvidos
espirais coloridas
tulipas de algodão.
E o que poderás entender do que tenho visto?
Riscos de antemão.
Luzes incessantes percorrendo pautas musicais.
Segredos costurados nos travesseiros.
E o medo
e o mijo nas calças
ao ver os fantasmas do porão
e não havia porão em tua casa
e não havia porão em minha-tua-nossas casas.
e o eco te sobe pelas pernas
e o que verás?
Teus são teus olhos
e o que chamas de vermelho
para um outro talvez não seja.
Há uma mesma tarde no tempo
distinta para cada um de nós.
*verso roubado de algum poema que não me recordo
3 comentários:
Sinto um desespero kafkiano lendo esses versos, ainda que o poema nada de kafkiano tenha.
Mijo nas calcas, de ser relegado a solidao tipica do sentado-em-frente-a-tv.
Sol de quase dezembro é caetano veloso, homem:
sem lenço e sem documento
puta merda, esse poema é um absurdo, menino!
que maravilha!
não me encantou de cara, mas me pegou, me chamando, pelo meio, até que tava já de boca aberta no fim.
maravilha!
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