.........................................Ilustração de William Galdino
Cruzam-se todos, na estação de trem,
Os mil destinos dos que estão ali,
Abençoando-os o deus Devir
Com as surpresas dos que vão e vêm.
Famílias, sóbrios, ébrios, andarilhos,
Caixotes, mochilas, sonhos distantes
Diluem nos trens quimeras errantes;
No longo trilho os mesmos estribilhos.
Nunca escutei passar locomotivas
Sem desejar, de formas emotivas,
Estar a bordo com todos os demais
Tripulantes, todos desconhecidos,
Dividindo os ferroviários idos
Sobre os múltiplos caminhos metais.
(Bangkok, aos 17 de Abril de 2010)
6 comentários:
menino, que beleza!
faz tempo que não vejo um soneto!
é, trem é um indicativo de movimento já antigo. não dá pra não querer ir pra dentro.
boa, isaac!
valeu heyk... é rapaz, um trem é aquela coisa né... mexe com a cabeça de qualquer um, como vc falou um poderoso indicativo do movimento. abraços
ontem antes de dormir passei a mão no poema sujo do gullar e vi essa passagem, de ele, menino, se questionando no que pensava andando pela lama com algum peixe na sacola, até que vê o mundo grande, bem maior que a cidadinha dele, andando de trem com o pai, que estava mais feliz que ele em tê-lo levado pra viajar. Rapaz, ele descreve o barulho, as vacas e as siriemas no caminho. Enfim, eita trem.
Tá vendo? Reúne mil destinos. Reúne, une novamente tudo o que é sopro e fluxo, efêmero só até a próxima estação, múltiplo e distinto como tem de ser, ontologicamente, a parte.
Lindo Isaac. Sorte é a de bangkok por ter um lóki aí, querendo ser um daqueles mil destinos.
há tanto movimento nesse soneto que quase descarrilhou a forma fixa
Um abraço
sorte pelos caminhos metais
muito bonito!
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