16.3.10

Menino Feirante

(em meio a toda zona e gritaria)

A bonitona apontou-me:
“É pra entregar o pacote – e cismou:
Com coração, corpo e alma, ao meio-dia”
Eu disse sim com a sem cabeça
Em hora fui, a vise, passei-lhe suas frutas

A ricaça dedilhou-me:
“Benzinho o Audi na esquina da Rainha
E tomemos já um suco no luxo; tenho 35, tá, moço”
Eu disse sim com as mãos
Peguei carregado de verdura, pus ela no carro

A mãe de gêmeos riu-me:
“O pai dos bebês tá de viagem
Falta não lhes faz, mas necessito cuidados!”
Eu disse sim com o nariz
Escolhi pra ela a aba do abacate mais cheirante

A professora empurrou-me:
“Longe da escola, menino!
Vou te passar a lição do beijo”
Eu disse sim com a boca
E, logo, ela concordou que a cana vinha docinha


Ao fim da xepa, com a maçã arredondando o bolso
Fui encontrar o meu amor,
ouvir poquinho sua voz e dizer-lhe nada.


Rod Britto, 2004, Rio de Janeiro / Brasil.

5 comentários:

Victor Meira disse...

Chapei, Rod!
Achei ótimo!

Anônimo disse...

Making money on the internet is easy in the undercover world of [URL=http://www.www.blackhatmoneymaker.com]blackhat scripts[/URL], Don’t feel silly if you have no clue about blackhat marketing. Blackhat marketing uses alternative or misunderstood ways to generate an income online.

Heyk disse...

Eita, diabo!
Fantástico, né?

Mal se sabe o que passam os bonitos pobres no carrossel do subdesenvolvimento.

Rachel Souza disse...

Que bom de ler! Li com ouvidos de imaginação disso tudo acontecendo com o nariz, com a voz do benzinho dizendo nada.

Henrique Maeda Smith disse...

São como aquelas casinhas que você encontra no meio das cidades grandes, meio sozinhas na sua majestosa interiorisse.

Gostoso de ler!