Seu rosto me lembra a floração das camélias
Numa tarde desgostosa de primavera.
Sem sol de poente sob pétalas, só sombras e,sal.
Nebulosas pesando sobre a vida
Seu mais cruel colorido
Para morrer em segundos.
Sem choro e cheiro.
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
4 comentários:
A linguagem é uma elaboração mágica... Tem umas coisas neste poema que são chocantes. Por exemplo: que rosto? A projeção de quem vê? A projeção de outrem em quem se vê? O ver-se a si mesmo? O ver o outro "nu"?
Outra: sombras e sal... uma antítese. Dá um ensaio de psicanánise. Porque sombra remete a estado inanimado, ausência de vida... e sal conserva, dá sabor, remete a Eros, vida, prazer... mas o sal também pode conservar o que está morto, para que não se decomponha...
Tem muito mais aí. Que coisa, hein?
Muito bom, Rachel!
Não quero ficar viajando na maionese, mas o dom q vc tem com as palavras e suas analogias são incríveis...
Que lindo, Rachel. Me trouxe a visão de um belo distante, que se perde na espiral do tempo e se dissolve nas lembranças.
"seu mais cruel colorido" é encantador. Vou ficar com esse verso na cabeça por algum tempo.
É gostoso ver a rachel-poesia de vez em quando.
Um beijão!
PS: Brunão, viaja na maionese, meu velho. A expressão da experiência contemplativa é coisa bonita de se compartilhar. Um beijão pra ti também!
É também sobre orgasmos. Freud estava, mesmo, certo.
É sobre florações, primaveras da vida, suor e dúvidas, paixão, êxtase e fim.
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