6.11.07

Obra: talvezNão-agoratalvez-Nãomundo

Transverso nós

entrega a cruz que fere

é o tempo que digere a abolição das coisas.

tudo acaba por acabar – limitar o espaço e a obra.

E mesmo o tudo acaba restrito a

nada.


A não-canção.

o agora não-encontro.

auto-sugere em novas versões.

.

jornadas – à pé à nado à vôo (ou dormindo)

braços – digitais invisíveis muitos (ou sem braços)

livros – pendrive de cabeça na cabeça (ou sopra a fita pra funcionar)

.

uma exposição no meio de uma floresta queimando

árvore em chamas no meio da exposição

no meio do fogo há exposição

expuseram pessoas no meio de uma inquisição

(entre as pessoas havia fogo)


ninguém perguntou: fogo é propriedade intelectual de alguém?

não sei o nome do homem que descobriu o fogo (ou
se foi mulher)

nem quem patenteou o lança-chamas (ou
se não foi soldado)

.

Flautas digitais.

Facetas lotéricas da arte.

Multi-agora ao mesmo tempo.

.

intervenção campestre no meio dos latifúndios

Ou

latifúndios digitalizados no meio do mundo urbano.

.

invenção viceral sem meio: Só começo e fim.
fim de um livro, de um quadro, de um retrato, de uma bicicleta.
um livro sobre um quadro que retrata uma bicicleta.

inspirado, alguém faz: um quadro que retrata um livro sobre uma bicicleta.

(ou quadro que retrata as possibilidades de uma bicicleta)

.

andei meio pensativo em relação a isso tudo.
lembrei: Ruir o esquema é destino previsto por um adivinho que morou na minha rua.
depois lí um livro sobre filosofia oriental:
Quem faz seu destino é você.



Daniel Bosi.

6 comentários:

Engano disse...

Gostei, Danielzasso, de várias coisas.

Carina Bentlin disse...

tava aqui pensando e escrevendo algo sobre

latifúndio,
latinfundiário
árido, possuidor, a dor.

Ainda escrevo.

Achei bom, mas tô com preguiça de escrever algo mais. Só registo a coincidência do latinfúndio. Ando tão errante pra achar algo de alguma coisa, tudo isso é tão de cada um mesmo. Só posso ler...Hj, essa sou eu.

Legal Daniel!ah, e um bj!

Unknown disse...

como te falei.
só não gostei muito do finalzinho mas o restante é muito bom!

da parte que gostei do finalzinho foi: "lembrei: Ruir o esquema é destino previsto por um adivinho que morou na minha rua." me lembrou seus textos malucos antigos por mais sério que seja esse de agora!

beijos

Guila Sarmento disse...

e aí daniel, gostei do que saiu, tem tensão, ansiedade e confusão é o que me fica. falo bem? sabe a confusão peculiar dos barrocos - perdidos entre reforma, contra reforma e renascimento - e que a nossa geração também é vítima - ciência e tecnologia ou substância e metafísica?

Heyk disse...

pra mim isso foi um choque.

comecei reconhecendo o trecho das possibilidades da bicicleta.

depois reconheci os temas recentes que a gnte tocou aqui e até as conversas mal engendradas.

o tempo de postar,

o creative commons,

o latifúncio artístico,

a intervenção campestre,

a tentativa de correr e fazer as grades de dentro e de fora serem translúcidas e amplamente permeáveis.

uma proposta verdadeira errante,

uma decepção.

que poema bom. absurdo. quanta figura boa.

eu fiquei assim culpado e paixão

Heyk disse...

pô, falei ta nta coisa e o autor nem pra dar um oizinho e comentar e tal. Fiquei acarentado.