1.10.07

Alarme Perdido

O alarme perdido é aquele que se perde nas dimensões do tempo-espaço.

Tempo-espaço é aquela hora-lugar onde ninguém sabe quando-onde.

Ninguém podia com as forças do destino. Ele era maior do que os deuses do olimpo.
Naquele tempo, ainda não haviam despertadores, relógios d'água, e nenhum alarme concretista.

Ao meio dia o sino toca:
Não perca o tempo, sino. Senão não almoço na hora certa. -Assim disse um camponês num prado longe numa hora longe.

É que ele planta pra eu comer. Será que ele frequenta a igreja que toca o sino que ele ouve?
Será que ele ouve o sino porque não tem escolha? Eu não frequento nenhuma igreja. Mas se o sino atrasa, o camponês atrasa, eu atraso.
Ele terá que basear-se em outro meio de avisar quando é a hora de fazer o que. Outro tipo de alarme, ou outra forma de camponês. Outros vegetais. Ou o camponês muda de religião. Ou não acredita naquele sino. Repito: Ou ele muda de alarme.

Penso que nossos alarmes próprios devem ser respeitados, que tudo o que nasce de dentro, deve vir à tona, majestosamente. Devia ser ciência, isso daí.
Ontem à noite um alarme me gritou. Um alarme de dentro. Um lembrete importante. Era de dentro, eu não quis ouvir.
Temos infelizmente, a triste mania de sermos auto-desrespeitados.
Nosso alarmes interiores tocam, mas nós não os aceitamos. Não fazemos planos para eles.
O alarme grita e vai embora, sendo que na verdade quem está indo embora é você mesmo.

Somos um só com o tempo, ou talvez não.
Os alarmes de fora são programados. E são cheios de dúvida também.
Quando o seu tempo chega ou seu alarme toca, é hora da pausa. É tempo do silêncio.
Se esse alarme toca e você não escuta, o segundo alarme, o de fora, vai tocar. Mas não se sabe onde e principalmente quando ele toca, mas toca.
Quando isso acontece, será uma notícia que veio até você, porém sem tempo-espaço. Podendo ser qualquer tempo-espaço.

Quando a hora enlouquece, o alarme grita - A qualquer hora.

O futuro é uma viagem ao tempo, só que sem volta.

será que estive brincando com com o tempo, o futuro, a viagem, o alarme?

05:54 da manhã: escuto um grito,

alarme perdido.


Daniel Bosi.

13 comentários:

Unknown disse...

nosso alarme. é, nosso alarme é sinistrinho mesmo.

Aprender a ouvir nosso alarme faz bem .

Heyk disse...

eras isso.
os dois primeiros versos são del carajo! Tem uma parte explicativa, uma parte auto-ajuda e depois volta a ficar bom no final.

"Temos infelizmente, a triste mania de sermos auto-desrespeitados."

Bravo! Bravíccimo!

Victor Meira disse...

Merecia sintetismo e construção poética. O texto é de uma prolixidade desnecessária e, - pra ser só um pouquinho mais redundante - fastidiosa.

Ao menos não se faz em cima de uma má idéia. O texto começa com uma promessa gostosa e se perde em mediocridade. Ler os últimos parágrafos é torturante.

Bom, bem vindos ao circulô do poetá egosista e do comentário asperô. Os comentários refletem o respeito verbalizado na pura sinceridade sem demagogias. Dói no começo, mas no decorrer do processo a gente percebe que o soco na cara é a verdadeira forma de respeito entre os bons homens.

Só um detalhe: adoro os hifenísmos.

Um enorme abraço desse poeta-inglês.

Anônimo disse...

Victor Meira,

acho que não entendí muito bem quando você fala em mediocridade.

qual é o sentido que você quis empregar nessa palavra?

Anônimo disse...

Pô, apagaram meu comentário. pq?

Heyk disse...

medíocre é aquilo que está na média.
a média é pouco. Toma que tenha sido isso. Medíocre quer dizer isso. Mas não sei em que sentido nosso crítico parafraseador de literatura e arte quis dizer. Concordo que é medíocre nesse sentido. Tem auto-ajuda, tem uns clichês. Quando li o começo tbm achei que era um puta texto.

Victor Meira disse...

É isso, Heyk.

Anônimo disse...

se "É isso, Heyk." , por que você não me explicou quando eu te perguntei?


e outra:

"(...) soco na cara é a verdadeira forma de respeito entre os bons homens."

achei que isso era um blog, não um ringue.

fica em paz, você e o myke tyson.

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Heyk disse...

é.
lembrando do negócio que o negócio aqui tem que ser prazeroso tudo melhora, eu acho.
pra mim esse assunto aqui tbm encerrou, sem soco! tem forma melhor de se debater poemas com sinceridade!

Érico Perim disse...

O Heyk não sabe brincar, joga água fria em cima. Se bem que os meus amigos não estão sabendo muito não

Eu gosto do patrulhamento mala-sem-alça do Victor e também acho que soco na cara* é forma respeitosa de convivência, mais do que qualquer insatisfação velada que, para mim, esconde sempre o sentimento de superioridade, sua amiga inseparável.

Vocês podiam assistir melhor Dogville para aprender a lição de casa do titio Lars Von Trier.

Beijos
Érico

Ps.: Fica claro que o "soco na cara" é não é literalmente, né?

Victor Meira disse...

Hahahaha!
Chega, né?

Po, vo começar a classificar as figuras de linguagem que eu usar aqui nos comentários, pra evitar os piadismos oportunistas...

Galera curte é uma peleja...

Zinabraços!

Anônimo disse...

medíocre !?
:O

o texto é muito bom e pelo visto polêmico. sinistro dani. já te disse isso né?

adios.