15.3.11

Boletinho de carna

Índice remissivo crítico, os jurados de morte. Pela janela de uma caixa. Ainda úmido. Juízo...

Não tem como não ver nem não dizer o que tristemente aconteceu recentemente na cidade; ah, sim, aconteceu! Tomamos, e que susto, do adisneyzado Paulo Barros, na sua oferta artística na Tijuca, ninguém testemunhou, mas ele foi que levou! Na fronteira entre o mal adulto e a boa criança, só assim é que vem, ora, e a garra de criança, ora! Picas! Acreditamos uma hora na televisão, ué, ainda que sem passar puro adiante nem receitar cramulhões de conteúdo, além das personagens e/ou das fantasias, água barata; o que se passam pelas cabeças, ao fim e ao cabo?! Pra fora também os cabelos falsos da Vila Isabel! Repetem-se vezes, movimento pericial e lágrimas; os guizos, os chocalhos de isca?! Toda balouçante. Mas quanta gente, fugida à cromática e eivada, confessada televisiva e dançada! Alguns muito poucos: é por verdade do que gostam! Queremos abusar de brincar na rua, ver e ser vistos, criar versos nessa hora. São crianças-guias vitimadas das mais diferentes formas, nos feriados, e pelos mais bestiais motivos, ainda que tudo se pareça violento, literatura de tragédias, numa japona aberta, sublevada, isolada né – numa operação circular e sem destino, trancada pelo zelo do estado careta-policial (aqui no Rio mais, no caso, alegria sem outra), na beca, como no beco do tipo os fios da pára-folia, os homens que tem nisso sempre parcelas ainda a nos pagarem, ou tremam todos! – e sem controle por aqui, de não caírem verbaneios nem ensolararem nem rosarem os dedos, um pum no isqueiro, se bobear, chamar pra brincar, juro, aperta aí que dá. Não falo nem encareço os blocos. Em pleno carnaval, ou antes um pouquinho, ou num estendidinho depois, mas, a valer chiar o apito, agora e sempre no clima armado dele, de folia imperante, preparadíssimo igualmente nos sacos e nas salas de espera do crime, passe a silêncios e sem estourarem, quase milimétrica ao militarmente, cabe, a tirar o suor na palma da mão, costurar a fantasia de desejos de marotice e paz com a mesma mão, agorinha mesmo beijar a testinha da criança, a recém. Abeirem-se aos corpos, gente, descontentem-se. Mas não morrerão tão cedo estes já passados, se, por mais, em suas dores cruéis e de criança, nota mil, não se esperam. Inevitável enredam. Escolinhas bobaginhas, manivelas de represas mirins. Dar tudo por uma empresa qualquer.

Ei-los, bífidos:

Uma criança, que ainda bebê de poucos meses, teve a mãozinha retirada pela vontade inexplicável de mais alguém. Incrível, como? Fossa e canaliza. Passou

Puxa outra, também bebê, que é deixada ao sabor da água desconfiada mas acolhedora de um córrego, bonita de rever a fundação de tudo, bocadura aconselhativa de mãe, alguém que a salve, ou nem precisaria, passando, dum outro alguém

Alguém que some com uma menina, mas como, ninguém vê, mágica, a não ser já o corpinho dela acabado abandonado num quarto cego de qualquer hotel novamente embalado já esquecido. Neblina falsa. E por acaso você viu borracha, caralhinho

Por descuido que é um vacilo filho-da-puta médico outra recém nascida tem a perna cortada e aí, nem sei, já viu a tristeza e o desconsolo, só

Tudo, acho, abre-ala, que começa ali no pré-carnaval, quando cai louco no rio um carro e a garotinha de colo salva pelo herói-bombeiro (numerão inicial sem esperar que se contem os tantos outros); mas ainda se pegava leve, o que estaria ou estará por vir

Não deu dessa vez, não deu tempo; ela, a menininha, morre antes de todas as outras, sim, é o que vou ter que contar, dias depois, na contagem fechada dos votos

E as outras duas alegrias parcas e econômicas na vida de alguém, mães, pais, irmãos e irmãs, famílias, lá trás, também eram meninas

Inacreditavelmente, uma quinze anos dá à luz no último dia de carnaval numa van parada na estrada, disse sem saber que estava grávida...

(((picas!)))

Como pena, ao investirem contra uma mão, lisinha de moça, diriam ainda que sairia água mentida de dentro...

Não. Foram meninas abusadas, sim. Foram muito. Vítimas do arranjo pouca-vergonha de papai momo. E quem sai torrencial pulando blocos pela tangente, o xixi na fralda impassível e chã.


Rod Britto – Rio de Janeiro, 2011 / Brasil. gratoporlembrar@gmail.com

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