18.11.10

O corpo questiona suas definições

Olha, ainda tem ingresso pra hoje. Dizem que o cara é foda e tal. Aquele tipo de espetáculo que te entorta te revira as tripas a partir do dedão do pé e quando você repara, já tá sem as costelas e a respiração saiu pela pele. Acho que não devemos perder... Primeira vez no Brasil e dentro de um festival. As chances do mesmo festival chamar o mesmo cara são pequenas, tanto quanto fazer natação na chuva de um sábado gelado, geladinho. É, sei que faz natação nessas condições. É só recurso retórico, entende?! Uma pessoa normal pensaria duzentas vezes antes de nadar no gelo e blá. Porra, não é pra levar tão a sério meu comentário! Eu não levaria. Não me permito me perturbar por bobagens, aprendi na yoga isso. Ai, tá desculpa. Não quis bancar a superior falemos de outra coisa enquanto a gente se arruma lindo e rápido. Mas veja bem, queridão, temos pouco tempo até calça-meia-cueca-saia-sapato não,chinelo – blusa no plural da mesma cor- bolsa e até eu decidir se vou de sutiã ou não. Tô tão sensível sei que esse cara foda tem participação nisso tudo, só de pensar os olhos se entopem de lágrimas e, daí choro e choro e quando vejo sou outra igual, mas diferente. Como num ritual, um ritual de passagem. Tenho certeza que mudarei assim que pisar naquele teatro. Vou me dissolver feito vaca. Ele é francês e tem depoimentos em vídeo. Ele faz trabalho sobre vítimas. Não sei onde estão suas meias, procure no varal. Se estiverem molhadas não ponha. Dizem que a perda de sangue não é dolorosa e que enquanto a coisa toda se esvai no tempo, a gente vai sentindo um torpor parecido com gozo. Depois do cara foda queria comer salsichinhas alemãs. De ervas.


#Desculpem a postagem atrasada. Beijos e abraços!!

2 comentários:

Victor Meira disse...

Foda, Rachel!
Dissolvi feito vaca.

Arte Corporal disse...

Belíssimo Rachel, um torpor parecido com gozo!!!