- Vim buscar a recompensa. Minha voz ecoou e o portal se abriu com leveza, revelando-me o deserto. Vi Babeloque cruzar o céu, nu com seus pés de pato, e fui em frente, rumo ao nada ou ao desconhecido que o tempo sempre impõe. Havia um monte ao norte. Constatei então que o monte era um colossal besouro. Seus apêndices retraídos o reduziam a mera carcaça e me convidavam à escalada. Tão logo alcancei o topo vi Babeloque iluminado, pincelando em retoques uma fina cirrustratus. Auspicioso, disse com a fala meio retardada, ainda imerso na tarefa: - Núvens são meras imagens limitadas, como a pintura em tela. - Ah, não. Acho que não. Ele persistiu num retoque. Decidi esperar calado pra não romper a concentração do menino-deus. - Ficou bom - concluiu. - É maravilhoso. Sorriu pra mim e pegou uma prancheta. - Aqui, aqui e aqui. Assinei. Ele me ajudou a vestir a nuvem. Minhas feridas pararam de arder na medida em que se transformaram em símbolos eternos. Meu coração se clareou, e um tremendo halo luziu de meu corpo no nascimento da minha santificação.
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
3 comentários:
caraleo, man! que lindo isso! sério. lindo! adorei principalmente esse final.
Quero esse céu!!!!!!!!!!!!!!
toVocê não só acertou no conto, óbvio, mas fez algo que me deixou feliz: babeloque. Esse cara, eu gosto muito dele. Acho que é o seu persongem que me interessa mais. Legal agora vê-lo como meninodeus também. Traga-os para outras histórias, crie sua própria mitologia, faça vis, babeloque, rosu, maro, outros, todos se conhecerem e entortarem juntos um mundo deles, um mundo seu. Tá na hora do romance.
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