17.1.10

Vivia o momento com uma espécie de enlevo

Com uma quantidade indefinida de objetos na bolsa, saiu às ruas de sol amarelo pastoso. Nada ali era necessário e, ainda que um traço de lucidez e cifose o atormentasse, seguia o ritual com a religiosidade dos que só tem a si e aos gestos.

Homem de poucas palavras, de matizes cinza e gosto de fome ao meio-dia. Quarenta anos e dentes ruins. 50% do corpo comprometido. Três amantes ordinárias e o medo de comprometer-se para além dos sábados. Restavam-lhe os caramelos e os objetos. Atravessou a rua olhando os próprios pés, um-dois, um-dois. O sentido se esvaindo. A padronagem sempre a mesma.

(...continua...)

2 comentários:

Anônimo disse...

Puxa! que prosa boa; que vamos ter que empedernir nos intervalos ao termos (mais termos, trombas!) que ler por partes, aquela durona? logo, ali (e daí), sim, uma água-viva que chama o vício de um conto - abra-se canto, cantinho de papel e sabão, na prima consciência; tu moras?! Alô-alô, quem fala?! Carioca como eu, o nosso exercício, muitas vezes, - e como alguns de nós já vieram discutindo chiclessadiamente no mano, cama de maná - é termos que nos demorar uns encima dos outros. Velar verdades, cidades internas e, por que não, sem a calada dos campos de m'arte. Então, Rachel, rapidinha, S'ousa? O Passo-a-passo de um tira-roupa, tão só? Critiquinha de merda, como se atreve?! Como isso? se tava extra bão, pão-pão! Prolongue-se mais, autora. Eu, vivido por todos os sentidos, saindo de tuzinha (usinho pela economia do teu último texto - ou teto, em conflito sempre nos destinados, te x to, sem leito, leitor; e não cometa replique mais do que aplique mega-fone de sexto), do doce murcho Rod, agora, amido-ligo. Em tempo.

Rachel Souza disse...

Rod, ó Rod!
Continuarei a saga do homem de sol amarelo pastoso a penetrar-lhe o crânio cansado e descomprometido, a não ser aos sábados, cujo sentido se esvai na padronagem repetida da lucidez e amantes ordinárias. Calma, viverás o momento com uma espécie de enlevo!
Em tempo!