Eu não acredito em poeta que consiga vestir seus desejos a rigor
Poesia é anti-esportiva, meu, rasga-súmulas, livre;
Grosso modo, de fazê-la, de revê-la, de enxotá-la
– não nessa ordem, que pressuporia uma caixa nova
Eu sou poeta e não acredito em quase nada;
Uso o i dont believe dos americanos que é mais forte
E se me indagas, apertando, quem passou agora por aqui?
Vasilha-me de dor e dúvidas porosas, percursos de linha e produção,
Corto os nervos e digo: foi ela; recomposta;
Exemplar; armadura; afinal, comprada
Por uma desgraça qualquer
Que veste bem e aperta seus desejos nos bolsos
Assim vestindo seus desejos
Eu não acredito em você
Se for assim, coloque-me a nu e boiando
Na lista dos que a duras penas se convida
E que por sorte não aparecem
Por não ter hoje o que passar em seus cabelos
Fixador de dizeres
Sempre penas, nunca cédulas
Que não cabe sair mais nada pelos bolsos
Da transformação dos produtos eleitos.
Rod Britto, 2009 – Rio de Janeiro / Brasil.
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
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