14.6.09

14 Bandido atrasado VI

Tião pirata voando

As Zonas Autônomas Temporárias viraram moda nos debates e por aí vai. Eu, Guila Sarmento (Com o Inaugural Treze piratas), Xisto da Cunha, a Na sala do sino, outras, outras caras, publicações. Pirataria.
Faz um tempo a Baderna publicou as Utopias piratas - aliás, salve a Baderna, porque ela publicou muita coisa em produção de pensamento contemporâneo anti-sistêmico e anti-hegemônico que não sabíamos nem da existência. Os Situacionistas, os Provos, o próprio Hakim Bey, ninguém da minha geração conhecia antes da coleção aparecer. Voltando às Utopias Piratas: muitos de nós ficamos excitados com isso, com um ideal de pirataria, com ideais de out-sider, com uma concepção romântica da possibilidade de viver com liberdade do lado de fora das coisas. A ideia de que seria possível ter outros valores, outros parâmetros, outras vontades que não fossem cerceados pela grande mídia e pela unanimidade de gosto dos nossos tempos, tudo isso, ficou mais possível depois de conhecermos esses coletivos, esses manifestos, essas inserções no tempo-espaço.

Não tiro aqui o mérito de quem fez isso antes, como o Pinto Calçudo – personagem do Oswald de Andrade em Serafim Ponte Grande (1929) – que vira capitão de um navio e junto com a tripulação decreta “uma sociedade anônima de base priápica” que flana pelos mares e só pára para comprar abacates em portos tropicais.

Chamo atenção para como essas publicações todas geraram frenesi de quase dez anos pra cá nos nossos pares, ocorreu toda uma produção artística e de pensamento em torno da liberdade pirata.

Até o fato de nos últimos anos personalidades consideradas malditas terem voltado à tona e ganhado o caráter de consagradas tem a ver com a linha aqui apresentada. Zé Celso, Tom Zé, Jorge Mautner, Roberto Piva tomam força e se tornam ícones para uma parcela bem maior da que atingiram nos anos oitenta ou início dos noventa. O out-sider vira ícone.

Um comentário:

Caco Pontes disse...

"This is permanent autonomous zone"