4.4.09

Me bastasse

Queria tanto um amor, súbito,
Devastador, sem sentido,
Que me arrebatasse,
Me desmaiasse,
Me amassasse o vestido

Queria que me encontrasse,
E me observasse à distância,
Como alguém da mais remota infância
Um alguém sorridente, de covinha indecente,
Que me dissesse nos lábios
O mesmo que meu peito
Que me batesse nas veias
O mesmo fervilhar sem jeito

Queria tanto amar
Sem culpa ou lugar, caminhar na calçada
- de mãos dadas -
Ser feliz na orla, na sorveteria,
No bar, na drogaria
Meu cachorro, sua poesia

Queria tanto saber que fiz alguém feliz,
Que esse alguém sente minha falta,
Que me procura nos desenhos das nuvens
Me bastasse uma vida contigo
Me bastasse um minuto de ti
Me bastasse...


Leo Curcino, escrito em março de 2009.

6 comentários:

Vivian Martins disse...

O ideal do amor é mais simples que pensamos...

Deveras bom.

Guto Leite disse...

Gostei também, leve de sambista viniciano.

Leo Curcino disse...

mais uma vez, perdão pelo atraso no post.

obrigado victão por fazer questão que eu poste! um grande abraço pra você, meu caro!

Isaac Frederico disse...

leveza e simplicidade aqui, isso nunca é demais, o poema pulsa algo que, no fundo, muitos de nós sentimos no frenesi dos tempos de hoje. ferão.

Carina disse...

muito lindo.

esse poema é tão simples, e de uma verdade... e é por isso que ele é lindo! Simples e verdadeiro, fiapinho de gente abrindo o coração e falando verdade.

Parabéns. É isso mesmo.

Na Transversal do Tempo - Acho que o amor é a ausência de engarrafamento disse...

Lirismo bem feito à medida de crescimento.