Éramos nós,
e mais nada,
nada além,
aquém,
só aquilo que éramos.
Fomos expulsos.
Nós, aquilo que éramos.
O que queríamos ser.
O que dizíamos,
as belas palavras.
Passaram-se os dias,
caíram as pétalas,
foi-se o perfume.
Criamos espinhos,
criamos mentiras,
criamos rotinas.
Críamos,
mas não mais.
Atamo-nos,
demos nas pontas, nós.
Ficamos sozinhos
na cama, enorme,
enormes,
e sós.
(Vinícius Perenha, Rituais de ver e olhar, 2003)
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
4 comentários:
Como sempre, vocês arrebentam! Não gosto de comentar textos em poesia, pois a subjetividade destes é o que eu mais adoro, mas não tenho como deixar de exaltar a veracidade e certeza sensível e tragicamente humanas aplicadas na obra!
Parabéns!
http://acadamica.blogspot.com/
http://acadamica-series.blogspot.com/
Belíssimo.
a carta da morte.
ou transforma em outro nível de relação ou dói na víscera e vira poema belo e intenso (pelo menos é que resta).
"o amor suporta a dor" (!?)
eita, vinicião. parabéns mano!
enormes e sós, salvou tudo.
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