29.3.09

Carne velha

Meu desejo sem saber de nomes.
Pouco importa tua família ou escolaridade,
anseio o sentimento puro, sem racionalidades.

Te vestir como a linda roupa que você é,
agasalhar-me em tuas carnes, e, se permitir,
gentilmente nas entranhas te violo.

Depois de furada a roupa, jogam fora.
Mas não eu. Mesmo sem costura,
ainda lhe usaria com gosto.

Feito pantufa velha, moldo seu interior,
sem nunca lhe dirigir a palavra.

5 comentários:

Felipe Lucchesi disse...

Oi ! Você ganhou o Prêmio do Na Mira do Felipe.Favor retirá-lo o quanto antes,passando no meu blog ! O seu blog está na lista de ganhadores !!!!

Heyk disse...

Mano, quanto foi essa trepada?

Victor Meira disse...

Tenho certa familiaridade com essa filosofia (hehe), mas tem versos que realmente me intrigam.

A terceira estrofe me deu um nó na cabeça. Usaria com gosto mesmo sem costura? Que coisa.

O último verso da poesia é pra rasgar. Ele me deu outras pistas, me sugeriu uma leitura diferente. A partir dele, cogitei uma leitura em que o enigma das conotações não é uma moça, mas uma poesia.

E aí enxergar a poesia como uma coisa que se usa, mesmo quando já velha. Uma poesia que se perfura, que se fode, que sempre se modela.

E disso, mais dois caminhos acerca dessa interpretação: a composição em si e a contemplação de uma poesia já existente, que é mutante, já que a cada vez que é lida impressiona de um jeito diferente.

Legal, cabrón, bem bacana. Da interpretação conotativa mais evidente, gosto do tratamento carnal e violador. É bem bacana.

Chammé disse...

cacilds Pedrão.
Porrada.
Eu vi a mina mesmo aqui. Certamente doeu mais nela no que em mim.

Isaac Frederico disse...

adorei este poema;
e o curioso é que não vi sadismo, não, não vi a moça sendo doída, não.
vi a pureza de um relacionar-se (ou foder-se?) de uma forma mais despida possível.
abraçãos