Aquarela s/papel,2008
................................................................À memória de Márcia
As borboletas pairavam no peito,
roçando as asas na quina do meu coração.
As bonecas de louça tinham o corpo de pano.
E os homens de fogo tentavam nos ensinar a nadar.
Até pareciam espertos,
mas era a praia dos bobos.
Onde pela primeira vez vislumbrei a brancura do teu seio.
Catarina tinha nome de princesa, e era tratada como tal,
pois não havia em minha rua,
menino que não recebesse os seus carinhos.
Um dia lhe fiz um poema tão bonito que nem consegui entregar,
é que o reli tantas vezes que o papel esfarelou.
Então resolvi escrever um poema sem papel e sem palavras.
Juntei um bocado de sorrisos e acerolas, e pus em sua janela,
ela gostou tanto que me prometeu fidelidade.
Eu quase aceitei, mas pensei bem,
pensei no Pedro, no Marcelo, no Canela...
E disse a ela:
– É melhor não, felicidade só minha?
Tinha que ser também dos meus irmãos.
E assim seguimos todos nós, felizes e cúmplices.
Até o dia em que ao bater às portas do castelinho ela não apareceu.
Havia partido sem deixar aviso
E aquela tarde pareceu sensibilizar-se com a nossa dor.
Fez silêncio.
Não houve pássaro que cantasse
E sequer uma árvore ventou.
roçando as asas na quina do meu coração.
As bonecas de louça tinham o corpo de pano.
E os homens de fogo tentavam nos ensinar a nadar.
Até pareciam espertos,
mas era a praia dos bobos.
Onde pela primeira vez vislumbrei a brancura do teu seio.
Catarina tinha nome de princesa, e era tratada como tal,
pois não havia em minha rua,
menino que não recebesse os seus carinhos.
Um dia lhe fiz um poema tão bonito que nem consegui entregar,
é que o reli tantas vezes que o papel esfarelou.
Então resolvi escrever um poema sem papel e sem palavras.
Juntei um bocado de sorrisos e acerolas, e pus em sua janela,
ela gostou tanto que me prometeu fidelidade.
Eu quase aceitei, mas pensei bem,
pensei no Pedro, no Marcelo, no Canela...
E disse a ela:
– É melhor não, felicidade só minha?
Tinha que ser também dos meus irmãos.
E assim seguimos todos nós, felizes e cúmplices.
Até o dia em que ao bater às portas do castelinho ela não apareceu.
Havia partido sem deixar aviso
E aquela tarde pareceu sensibilizar-se com a nossa dor.
Fez silêncio.
Não houve pássaro que cantasse
E sequer uma árvore ventou.
8 comentários:
gostei! achei ricamente harmonico, é bem colorido, sem duvida. o trabalho plastico é muito bom, acho que tá caminhando dentro da poesia.
fiquei contente!
um abraço
Olá William, minhas boas vindas!
Primeiro quero dizer que gostei muito da aquarela e penei para ler o título, "Tudo vira memória ou esquecimento II".
Gostei da narrativa ao estilo Jorge Amado, são esses amores de infância que carregam toda uma magia de acerola com sorriso, e vise versa. Fui diretamente transportado ao trapiche dos capitães. Lindas imagens!
abraços!
William, é sensível como poesia de menina, trancafiado - porém - em confidências e razões que só perambulam no coração dos meninos.
Acho puro, e o andamento respeita o ritmo da desventura da personagem.
É lindo.
Abraço.
não é por nada, mas acho esse texto espetacular. é simples, singelo e cheio de sutilezas, como "árvores que não ventam" e "homens de fogo". tem poesia e narração nas medidas certas.
é a primeira vez que o vejo combinado com esta aquarela.
Cara, eu já conheço esse poema.
Ele é um clássico. Né? Clássico é isso.
Cara, como pode, você fez movimentos dentro no texto que são o que é memso am poesia, o desvario dos sentido e imagens dentro dos apertos da sensibilidade. Que bonito.
E essa série das suas aquerelas é de doer, né, cara? Tá maluco. Gente, deve ter umas cem, mais, sei lá. Todas juntas da cara e diversas dentro, sabem?
É joia.
Gostei muito das imagens, da idéia de liberdade e não aprisionamento do amor.Sorrisos e acerolas,boa combinação.
O login é da Rachel,mas o comentário é do pai dela,eu!rs
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