15.1.09

Pódio de Magneto (– Ou o tratado de passar amor universal)

Eu me chamo Rodi, da Politécnica
E você, é um diz que não podi, nué?
Ah, cio, não podi!
Quem? Eu? Sou ali, da Poli
Como não, não podi?
Pega na folha e sacodi
Tira a baixaria daqui, finge, usar outro jeito
Achei a técnica!, não desce mais
Agora podi, sente aí que mordi (– Sobe, poeta, sobe!)
Como assim, Mini, você diz que não reservou as saias!
Que hoje elas estão de sentar: vesti com essas palavras
Não precisa de rimas (– Essas, tão vivas),
Rime, que são coisas de frio; engrolar nos olhos
Vá lá lavrar suas permutas
Você diz que não podi!
Conserva aí fumando anelzinhos
Respondendo seus coques de vento
Se sua mãe diz que podi, não acordi!
E você arrasta-me por um monte de folga ainda
Faltando-me o Audi-Posti, o Audi, sair voado por aí
Até que vem postiço, o beijo, e me fodi
Sangrando de faltar a Magnética
Perder um brinco seu, podi
Perder a aula, só fodi!
Carros são fugas pra bater com as rimas,
E não como corações polinizados
Não servem ao atropelo de saias, pactominas
Essas, (– Descobri só agora) criam allmi
Modelo: audi-me ou almi-me – uma monstruosidade
(– Só porque errei; agora vou tentar chamar a atenção
lançando pedras em cheio, tipo penando)
– Foi o Poli, aquele azarado desgraçado da afasia, então!

Rod Britto, 2009 – Rio de Janeiro / Brasil.

7 comentários:

Caco Pontes disse...

quem podi, podi...

Lírica disse...

Mto prazer Rodi. Como eu sou uma aficcionada pelos anos 60, tão famosos pela marca da rebeldia, da juventude revolucionária, nào pude deixar de de sentir nostalgia lendo o seu texto tipicamente rebelde e cheio de parônimos, e de fonemas que remetem ao regressivo, mais uma característica puberal bem marcada na personagem principal que desenha em curvas e rabiadas o seu perfil e o meio fio, mas sem perder o fio da meada, mesmo quando tromba na realidade. "Velozes e Furiosos". Um texto com muita personalidade e movimento.

Isaac Frederico disse...

e aí rodi
diferentão, eis aí já a primeira qualidade, tocando fogo no milharal;
não sei se gostei muito da sonoridade, não, mas também não sei se foi sua principal investida nesse tento;
me deu uma genuína vontade de rir lendo a sequencia de "ódis", mto bom hehehehe

Guto Leite disse...

Cara, é muito bom! É ousado no ponto certo, também certo que tem leitura pra cacete de background! Este tom não parece ser de poeta de primeiras viagens! Grande poema, grande poema

Jairo Borges disse...

hauhauhauha!
Vai que ele realmente Podi!
mt bom o texto!
abç!

Victor Meira disse...

É, desde cara propõe-se o querido-erro poético (é técnica, vê só), e eu acho que gostaria de ouvir a poesia recitada pelo Rod, sentida em tempo real com os próprios propósitos tônicos do autor. Pra mim tem ar de começo de espetáculo, ar de texto dramatúrgico.

Fico curioso.

Heyk disse...

Eu ainda não tinha lido esse texto. Ô coração ranheta desse meu amigo. Bons reclamões sempre dão bons poetas. Na prosa então. ROd, no próximo mete prosa, que é joia. Agora sem acento.