27.6.08

Não é Tênue a Linha ( Erótico / Pornográfico ) - Continuação...

Para acompanhar melhor este post, aconselho a ler antes o que foi postado neste link: Não é Tênue a Linha

Então já q chegamos a um acordo sobre nossos hábitos burgueses, vamos voltar a falar do erótico/pornográfico:

Se pararmos para pensar, o erótico é subjetivo, ele depende de sensações introspectivas do receptor da ação que a processa como informação, já o pornográfico é um fato em sí (o registro dele) e quem vai impor se o pornográfico é erótico ou não, é o receptor da informação – Justamente por este conceito ser subjetivo – e o que vai pesar na hora de definir é a maneira como se construiu esse registro.

E se analisamos os dois como forma de Arte? Arte vem do latim e significa trabalho, técnica, ofício (aí entendemos o que é artesanato) mas, o conceito de arte hoje restringe-se ao trabalho/técnica/ofício sem utilidade prática, portanto, sem dúvida nenhuma, podemos classificar pornografia também como forma de arte. Uai? Qual a utilidade dela? Bem sabemos que a arte em si tem sua utilidade, mas não é prática, objetiva e depende de interpretação. Tem um bigodudo alemão aí que separou a arte em duas partes, uma apolínea e outra dionisíaca. A dionisíaca (Dioniso – deus do amor, da fartura) seria a arte do prazer material, do simples gozo dos sentidos, como a musica popular, a dança, a poesia lírica (poderíamos considerar o banquete uma forma de arte?). A arte apolínea: Apolo – deus da beleza; seria a arte voltada para a forma, a construção estética, ao prazer introspectivo, como exemplo podemos apontar a pintura (entre outras) abstrata, a escultura e arquitetura – a representação do ideal, do perfeito –. Na mistura das duas resulta a arte dramática: como o cinema e o teatro (a arte trágica, as tragédias gregas).

Aceitando que os dois são formas distintas de arte, separaríamos a pornografia como dionisíaca e a erótica como apolínea. Nesta (a erótica) a exigência cai não necessariamente no ato sexual, mas, apenas no estimulo. Para isso usa das formas e das fantasias, pois é lá que se desperta o desejo, alem claro de poder ocorrer dentro de quatro paredes (ou não rs...) sem necessidade de registro. Já à pornografia se dirige mais o prazer do corpo, sua construção é apriori (vem das vivências e das sensações, se centra no ato, no fazer, na prática), enquanto o erótico se volta para o reflexivo, interior e sua elaboração é empírica (vem da observação e reflexão) – isso não impede nem à um nem ao outro de se misturarem, mas para ser erótico têm que necessariamente estar agregado valores de beleza e estética (a forma) e na pornografia este elemento já não se faz necessário, a obrigação se encontra no ato sexual e no registro dele. Até este momento na discussão não há porque confundir os objetos ou brigar, isso é bem racional e do consenso de todos. O problema que gera discussões, brigas e debates, não se encontra aí; se encontra na criação de valores, e agora eu pergunto: como poderíamos classificar um e outro como melhor ou pior?

A intitulação desses valores de modo a taxar um e outro é indevida, pois é de preferência de cada um. Não podemos decidir isso por todos. Acredito (e isso é minha opinião) ser de preferência de quem vive o mundo prático a pornografia, pois exige menos tempo e esforço para se compreender – ela é de fato mais prática – e quem prefere a reflexão e o estudo irá dar preferência ao erótico, pois, incitará mais sua imaginação e reflexão, além de provocar seus sonhos (o mundo apolíneo é o mundo dos sonhos, só com a imaginação e reflexão se pode alcançar idéias não vividas para se construir o desejo de realizá-las e consumá-las de fato). São facetas diferentes do comportamento humano e os dois alcançam resultados incríveis permeando todos os níveis da sociedade, sem distinção de classes. Para terminar gostaria de lembrar que não excluo de maneira alguma o fato de alguém que se envolve mais com o mundo prático apreciar e ser estimulado pelo erótico. Uma pessoa pode até mesmo não entender, mas mesmo assim apreender rapidamente uma sensação. Mas para se ter consciência real do que move essas reações (as sensações adquiridas), só mesmo diante de reflexão. O que é parte de todo ser humano, basta apenas, tempo e vontade para uma analise das ações e reações (karma) sobre qualquer objeto/ação.

2 comentários:

Victor Meira disse...

O texto é tão groselha que a gente perde o que se discutia. Então, do que a gente falava mesmo? Ah! Erótico e Pornográfico, verdade.

Dizer que "o erótico é apolínico / pornografia é dionisíaca" é um absurdo. Toda arte tem toda a dualidade em si: baco e febo. A dança é um espetáculo formal e sensível, assim com a pintura, e a arte erótica, seja literária, visual ou cênica.

Posso me masturbar vendo uma foto do Saudek ou uma pintura do Dali, assim como posso analisar e refletir sobre o universo, as relações humanas, os complexos e édipo/electra, a teoria trancendental das sensações e o diabo vendo uma peça de arte da Buttman, ou da Milfhunter.

O texto, que é uma proposta de debate ainda termina conclusivo.

Repito a pergunta: qual é o debate mesmo?

leon prado disse...

Questionar minha maneira de construir o texto nao melhora seu argumento em nada! A maneira como escrevo eh a maneira como organizo meu pensamento. Uma maneira humana, completamente capaz de ser compreendido por outro da mesma especie! Tanto eh, que voce pôde comreender perfeitamente e, inclusive, fazer uma critica bem estruturada. (tirando obviamente a primeira parte!)

Embora bem estruturada, sua critica não faz muito sentido, pois podemos sim separar os dois em Apolíneo e Dionisíaco. Sei bem do que estou falando. Se vc reparar em momento algum do texto disse que as artes tem apenas um lado! estou ciente disso... inclusive se vc ler o texto anterior, vai ver q está bem claro que dentro da pornografia existe o erótico e também no no erótico a pornografia. E sobre o texto cerne da questão, o paragrafo q separa o que eh apolinio e dionisíaco foi um resumo elucidativo e breve, mas fiz questão de frisar, como quando por exemplo me referi a "música (entre outras) popular", que as formas de arte nao pertencem exclusivamente a um e outro. Nao me aprofundei em explicar pois eh obvio que músicas como a classica não são dionisiacas. É de facil entendimento de todos que toda forma de expressão poderá tender para os dois lados.

Agora, se tratando de duas do mesmo genero que eh o caso do assunto em pauta nesta tribuna, podemos sim separa-las a este modo para que as compreendamos melhor. Obviamente também poderíamos, se analisarmos as duas separadamente, subdividi-las novamente sobre esse julgo, simplesmente porque essa eh a natureza das coisas no universo visível. Sempre q arrumamos pontos antagónicos para separar as cousas podemos isolar os objetos e continuar a dividi-los fractalmente ao infinito.

bom pra terminar, não estou aqui para escrever textos inflamados e cheios de carga emocional como foi o primeiro, estou aqui para que: com a ajuda de vocês possamos analisar esse dilema antigo e bobo para chegar a um consenso dentro de nossa própria tribuna e finalizar de vez toda essa discussão dentro e fora daqui.