19.2.08

Primeiro delírio Narrado

Um rosto disforme
Aproxima-se indiferente
De também uma
Labareda flamejante
Ela salta
Enraizlando-se como veias
De ódio dos olhos
No céu

Podendo rasgar folhas de aço
Descarta a forma destrutiva
Espiralando-se em flores, violetas
Que caem mansas
Entre a orelha e o cabelo
Das crianças.

Gira-gira, redemoinho de flores
Forte de mais
As crianças vilipendiam
à outra realidade
Girando, rodando e rodando no ar
Deixando os sapatos
Pra trás


E caindo como que cinzas
Na íris profunda
De uns poucos mortais
E então escorregam formigas
de todas as lágrimas
in(feliz e )conseqüentemente reais
.
.
.

12/01/06, em Artur Nogueira – SP

4 comentários:

Victor Meira disse...

É o Heyk das ansiedades adolescentes e forma poética imatura. Algo ainda menos talhado do que quando eu o conheci. A ansiedade tem sua nobreza e me figura como a contemplação do rapaz do interior para o cotidiano de fora de casa.

Mas acho que mesmo aí vê-se faíscas do Heyk desmatado.

Estranho essa coisa de pôr escritos de outra época, principalmente se essa época diz respeito ao momento em que começamos a ingressar na escrifazura.

O estranho é que eu não li Heyk. Li outro cara aí.

Heyk disse...

mas é isso mesmo.

Pus o texto porque vi nele a primeira experiência minha com imagística. Apesar de ser ainda desfrutando de outra linguagem acreditei que essa teria sido meu desbravar da narração fantástica. E por isso achei ele interessante, pus a critério de pesquisa nossa mesmo.

Aquela coisa também: nessa época já acreditava piamente ser poeta e pronto, poeta prontinho. Então é interessante confrontar e tal.

Mas eu proveitei esse texto numa compilação recente. Coloco ele reescrito junto de outros textos recentes e ele encaixa. Isso que é legal.

Se você quiser ver como ele encaixa leia-o depois vá ver lá no beijodesal o 'exercício pra reconstrução da imagem' de fins de 2007, um texto que tem muito sentido ao lado desse e que escrevi sem lembrar desse que é de 2006.

LI uma coisa do Foucault esses dias: Que é mais possível comparar textos de um autor, encontrar afinidades, com outro autor, do que encontrar essas afinidades dentro dos textos do mesmo autor.

Isso me instigou e agora me descubro em afins do passado, do meu auter ego sonhador na época momentaneamente sobreposto ao meu super ego pragmático.

Massa!

Victor Meira disse...

Delícia, válido demais nego.

Tezão.

Heyk disse...

Hehehe!