Aqui aprendi a ser desumano
Esqueci dele ali do meu lado
Deitado no chão
Não via mas crianças na rua
Cheirando cola, solvente e se matando
Deixei de lado o amor e a amizade
O interesse, o desprezo e ganância me valem mais
Passo despercebendo pela rua
Sendo despercebido por necessidade
Tenho medo
Medo que me usurpem
Medo que me matem
Medo de mim mesmo e de minha ignorância
Medo do meu desprezo pelo humano
Medo da falta de humanidade
Recíproca é a relação desta grande cidade
Uns ignoram e outros matam
Pois são ignorados
Rio de Janeiro, talvez São Paulo
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
5 comentários:
Leon,
isso não é poema, pra mim é desabafo.
Se um texto com um conteúdo importante fosse poesia as constituições progressistas seriam os melhores poemas do mundo. Mas não.
O poeta é um expert da linguagem.
Sentir, que sinta o leitor.
Empobrece o texto, o simples elencar dos sentimentos. O poeta deve sentir, mas o texto se faz suando o bustiê, não cheio de sensações.
Seu texto é um apelo emocionado, contra desordem humana, mas isso os colunistas também fazem e não são poetas. Os autores de auto-ajuda também fazem, os pastores também fazem.
Fica a proposta: se debruça nisso e usa a linguagem, o cuidado com o som e com o sentido. Com o tamanho e com lugar de cada termo, traga termos de fora do tema se quiser ilustrá-los. E se só sair um frase boa, esse é o poema, ele ão precisa ter mais que um verso pra ser um grande poema.
Abraço.
Lhe prometo críticas árduas, e amizade fervente.
Deste modo ou daquele modo.
Conforme calha ou não calha.
Podendo às vezes dizer o que penso,
E outras vezes dizendo-o mal e com misturas,
Vou escrevendo os meus versos sem querer,
Como se escrever não fosse uma cousa feita de gestos,
Como se escrever fosse uma cousa que me acontecesse
Como dar-me o sol de fora.
Procuro dizer o que sinto
Sem pensar em que o sinto.
Procuro encostar as palavras à idéia
E não precisar dum corredor
Do pensamento para as palavras
Nem sempre consigo sentir o que sei que devo sentir.
O meu pensamento só muito devagar atravessa o rio a nado
Porque lhe pesa o fato que os homens o fizeram usar.
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu, não Alberto Caeiro,
Mas um animal humano que a Natureza produziu.
E assim escrevo, querendo sentir a Natureza, nem sequer como um homem,
Mas como quem sente a Natureza, e mais nada.
E assim escrevo, ora bem ora mal,
Ora acertando com o que quero dizer ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso.
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio.
Isto sinto e isto escrevo
Perfeitamente sabedor e sem que não veja
Que são cinco horas do amanhecer
E que o sol, que ainda não mostrou a cabeça
Por cima do muro do horizonte,
Ainda assim já se lhe vêem as pontas dos dedos
Agarrando o cimo do muro
Do horizonte cheio de montes baixos.
bom Heyk... acho q não preciso dizer nada, acho q o Caeiro já falou por mim...
Ótimo.
Absurdamente ótimo.
Hahahahahhahaa, adorei.
liga ñ q o heyk é assim mesmo: concreto poético. rsrssrrs.
mas é sempre o bem q qeremos uns aos outros, nós, poetinhas peqenos da vida grande.
é meu primeiro texto seu (isso soou meio estranho, mas é exatamente isso); e como sou uma inocente leitora, eu digo q gostei da brincadeira q vc coloca no texto todo: com todas as sátiras. parece até mentira q vc diz td o q diz com elas. rsrsrssr.
a realidade é tão massacrante, q pra gente desopilar e crescer no lúdico da palavra é difícil... bom é qem se arrisca nestas tormentas. eu tenho medo. rsrsrsrs
bjoabraço, até o próximo poema.
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