transe no fim da dança;
todo processo é parcelado;
toda obra é resultado da relutância;
a soma dos indigentes ingredientes;
transeuntes intransigentes;
parceiros divididos e negligentes;
a vontade do passar por cima que fica;
com todas as jóias de deviam ser bijuteria;
é coisa séria a mistura nessa medida;
é a miséria que aborta o sopro de vida;
quem é que sabe fazer algo que feche essa ferida?;
que consome o que arranca
e limita o consumo de quem não se contamina.
*
E assim nasceu todo o mercado,
o estado, a farroupilha e o contestado,
toma-se conta do que é público
porque é pouco o que é seu de papel passado.
Instituído e consagrado o que não é claro,
se fosse consenso o que é regra
não precisaria estar impresso e lavrado.
O papel justifica o ferro
e o ferro o mantém o papel justificado.
Toda lei é filha de vírus
que comeu primeiro com olho
pra mastigar depois sem ficar entalado.
*
E para funcionar a lei todos os meses,
uma mentira vira verdade dita mil vezes,
tem uma ou duas antenas
na cabeça de cada burro de carga,
que reifica o que é bom e o que é cilada,
mas não explica que a parte ruim só fica
pra pessoa bem antenada.
A parte de ser bonzinho
nunca foi bem assimilada,
mas a parte de comprar tudinho
é o norte de toda a manada.
Bom gente, essa foi nossa segunda brincadeira juntos. Os versos que seguem o quadro são um trecho do poemão, no sentido de grande mesmo, O Parlamento, composto em junho desse ano. O quadro é dos fins de agosto se não me engano. A técnica é urucum, café e pastel seco sobre tela, o cumprimento ainda é desconhecido, mas é grandão. A história em volta dos versos é longa. Quem quiser conferir na íntegra é só pedir que mando por email, não a história, os versos. Boa leitura e boa apreciação da obra.
6 comentários:
imagina uma exposição com quadros e poemas sendo uma só obra.ou não.podem ser duas mesmo. mas num mesmo contextasso. tipo aqui no blog.
seria legal né.
parabéns pros dois.
Sobre a poesia, já trocamos bons sopapos, seu Heyk.
Já o quadro é lindo, Bacana, bom pra cacete. A técnica é jóia, as ferramentas materiais são legais, e as metáforas imagéticas são milhares. A brincadeira com o elemento da grade atuando como framing, e a dispersão da luz ao fundo (que não se pronuncia tanto - ou quase nada - na personagem) são de muito bom gosto e técnica.
Tenho umas dúvidas.
1. O quadro tem título?
2. e ...a galinha ou o ovo?
Besos.
Oba!
aqui é Guilherme, que estava ontem no onibus com vc indo pra puc!!
ótimas letras! quero que vc vá conhecer o blog do meu grupo
http://gruposao.blogspot.com/
vamos trocar mais ideias!!!
como já tinha dito:
máxima do exagero sensato, no parla inteiro.
E o Bacana...surpreende cada vez mais.
abraço de rodar em tds!
bom, primeiro veio o poema. O bacana foi o primeiro a ler, fui pra artur nogueira só pra escrever esse texto. Tive que sair do Rio porque aqui não consigo pensar em paz. Aí fiquei duas noites escrevendo, quando terminei fui mostrar pro Philippe e ele falou que ia fazer uma série. esse é o primeiro. E é homônimo. O Parlamento.
Nossa!! Que cusparada boa!!! rs...
Parabéns pros dois! Muito belo bacana. Vi a mais nova obra e tb gostei é bem leve! É gostoso de ficar vendo! Coloca no blog?
Heyk, quero ler de novo o parlamento! Parece que achei coisa nova! Beijos!!
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