17.10.07

Era dúvida é dívida


A trouxa já está pronta, meu bem.

Se é que te acordo esta noite

Se é que abro a janela

Se é que te olho


Se for eu que hoje desce a escada

com olhos de louco com rasgo no peito

Hoje eu deixo a casa dos meus pais

Pra ficar em silêncio.


Lampejo um brilho fosco

Era eu sou eu.


A coruja que vive na cidade

Que me acompanha em minhas leituras

Noturnas

Essa noite ela está despercebida

Está falando sozinha com seus olhos que caçam

ratos


Hoje eu durmo na tua casa

Levo minha trouxa

do resto me esqueço

Me deixo com você.

Essa noite, tô sem coruja.



Daniel Bosi

5 comentários:

Anônimo disse...

Abro as janelas, deixando o silêncio entrar. Qualquer ruído pode transformar-se em grito, ou em sussurro. Ou em xícaras. Depende das corujas. E da minha mãe. E das mãos do poeta... Leio um gibi, uma revista feminina ou o Maná Zinabre... Qualquer publicação serve para espantar as borboletas.

Zé(d's) disse...

afora a pronominália, muito bom!

Heyk disse...

eu sempre gosto.
e nem percebi a pronominália.

Victor Meira disse...

Ah, essas insuportaveis noites de não-coruja. Insuportáveis e inspiradoras dessas descompensasões poéticas, cheias de sentimentos fortes de nossas fraquezas.

É construidinha, pensada e travestida da doce simbolorréia.

Muito bacana.

Anônimo disse...

em relação à pronominália, eu não costumo usar muito, mas acho que dependendo de como e onde você vai usá-la, pode ficar interessante e bem colocado. Nesse caso não me incomodou, por isso deixei ela fluir.

acredito que às vezes o uso de muitos pronomes pode vir a empobrecer um texto poético, mas às vezes a consciência disso pode transparecer no texto e ficar bacana.

resumindo, vejo o uso da pronominália assim: saber como usá-la, como e onde colocá-la, e ter consciência de que ela está ali.

hmmm.. não sei se to sendo claro..rsrs. Fui muito prolixo?

abrações.

Daniel Bosi