Era dúvida é dívida
A trouxa já está pronta, meu bem.
Se é que te acordo esta noite
Se é que abro a janela
Se é que te olho
Se for eu que hoje desce a escada
com olhos de louco com rasgo no peito
Hoje eu deixo a casa dos meus pais
Pra ficar em silêncio.
Lampejo um brilho fosco
Era eu sou eu.
A coruja que vive na cidade
Que me acompanha em minhas leituras
Noturnas
Essa noite ela está despercebida
Está falando sozinha com seus olhos que caçam
ratos
Hoje eu durmo na tua casa
Levo minha trouxa
do resto me esqueço
Me deixo com você.
Essa noite, tô sem coruja.
Daniel Bosi
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
5 comentários:
Abro as janelas, deixando o silêncio entrar. Qualquer ruído pode transformar-se em grito, ou em sussurro. Ou em xícaras. Depende das corujas. E da minha mãe. E das mãos do poeta... Leio um gibi, uma revista feminina ou o Maná Zinabre... Qualquer publicação serve para espantar as borboletas.
afora a pronominália, muito bom!
eu sempre gosto.
e nem percebi a pronominália.
Ah, essas insuportaveis noites de não-coruja. Insuportáveis e inspiradoras dessas descompensasões poéticas, cheias de sentimentos fortes de nossas fraquezas.
É construidinha, pensada e travestida da doce simbolorréia.
Muito bacana.
em relação à pronominália, eu não costumo usar muito, mas acho que dependendo de como e onde você vai usá-la, pode ficar interessante e bem colocado. Nesse caso não me incomodou, por isso deixei ela fluir.
acredito que às vezes o uso de muitos pronomes pode vir a empobrecer um texto poético, mas às vezes a consciência disso pode transparecer no texto e ficar bacana.
resumindo, vejo o uso da pronominália assim: saber como usá-la, como e onde colocá-la, e ter consciência de que ela está ali.
hmmm.. não sei se to sendo claro..rsrs. Fui muito prolixo?
abrações.
Daniel Bosi
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