8.10.07

Algo-me


Esse papo-identidade [...]
tu tá marcado, tá?
(novamente língua mexe)
em chinês, em clichês
em burguês, francês

enquanto mim morremos
eu me ninguém

suspiro pedra
alguém sólido.

Ali do lado esquero de sou
o direito conduziu-viu aqui

sabor-mim monotonia.
algo lúdico, surdo, maduro-musgo.

Enquanto eu me alguém
Outrem, outrora, outorga e vem.
vêem. desenxerga-me.
ninguém-me
algo-me
mim tupiguarani.

mexo-mescla a língua
jogo samba,
toco bola,
danço ópera
e
bebo multiracial.

[trabalho escravo e moleque]
mexa-mesclo a língua sob a língua sobre a língua
sobe e desce. Preto, branco ou bicolor.
Sublinhado ou subestimado.
Em espanhol, português ou inglês,
sobrescrito ou sublimado
dublado em mim ninguém

4 comentários:

Alben disse...

Tá sem assinatura, foi o Vini que postou?
Enfim, adorei a maneira que você usou os pronomes na composição e todas as trocas das palavras que permeiam o poema todo. Faltou um pouco assumir o foco do poema, a mensagem fica meio à esmo em algumas estrofes. Mas ainda assim é um poema muito gostoso de ler, foge da rima óbvia.

Parabéns.

Carina Bentlin disse...

mexo-mescla a língua
jogo samba,
toco bola,
danço ópera
e
bebo multiracial.


Achei isso incrivél, o ó do borogodó!!

Me entusiasmo demais quando leio algo assim, esses verbetes ao revés, desconstruindo..construindo o seu próprio.

Levantando um muro de tijolos, todos meio tortos, mas deixando uma imagem única.

Gostei mesmo.

Que raie o Sol!

Viviane de Sales disse...

Línguas sólidas, líquidos falantes... poemas orgânicos, organismos da arte, cores de um verbo transparente, fotografias da própria poesia... a rainha de todos, imaginação.
Parabéns, camarada!

Heyk disse...

vamos lá.
acho que já foi dito. Mas discordo de que o poema não tenha foco, nem sei até se algo nesse mundo tem foco, ou se são só nossos olhos que olham pr'esse canto inventado. Multifocal olho nu.
Mas caramba, e pronto acabou, esse texto e del carajo! Por todas as figuras, a própria construção da lógica em ato do personagem. Nossa. Foda. E outra, tudo o que é escrito mesmo. Porra, falando em burguês, porra! Foda.


E pra terminar, a viviane tbm tá mandando bem nos comentários que tá danado. Usa os poemas do blog de desculpa pra escrever um texto foda, bem mais foda na média do que os textos dela mesmo. Parabéns Vivi.

E a última, o texto é do fabricio.

Abraços