12.9.07

Vinda de Vozes

Por correio, ela faz todo o tipo de vozes,
E como que ninguém pode imaginar
Faz como se o açúcar, preso por punhados,
No formato de bochechas,
Caísse muito bem à sua boca
E como se alguém viesse
E lhe despistasse a musa-diva de perto,
Sobrando-lhe o que só a mim pode ficar,
Por menor exigência, filtro, alô, contrário.
São as vozes, as que ela faz, carta no correio,
Faz noturno, faz vozes, jeitão, jazendo,
O controle de vozes, prática em vozes.
Faz novela, faz núcleo, comédia, do cicio ao murmuro, atreve,
Faz peã, faz pavão, faz dístico, faz rícino, faz trovão!
E assim mesmo consegue-se acertá-la:
É você, eu sei, vinda de vozes,
(Tome agora a minha seta de volta, correia também).
Com vozes se esquece fácil olho pro lado,
Coroa de flores saindo do braço, e chega-se aonde quer, graças à fé, Que por ela ter vozes, não tem.
E como que ninguém pode imaginar ela faz todo tipo de voz
Por puro recreio é que ela faz isso
Faz que as pernas não lhe arranhem de tanto pêlo
Faz que os dentes não lhe subam à cabeça, ela faz vozes.
Às vezes faz até partido de vozes, faz curativo de vozes.
Ela faz bexiga com vozes
Faz leão como não faz abelha, esta plástica demais,
Que incomoda como quando mastiga seus chiclevozes.


Rod Britto – em Poemas 2007 – Rio de Janeiro / Brasil.

2 comentários:

Heyk disse...

Mas quanto demorou, veio bem bindo, bem chegado, por ser chegado e por ser bem em si, em si só, só, caceta! adorei o caceta, li no estorno do chico. Caceta, rod. Caceta. E outra, eu gostei dessa conversa da voz das vozes. Pensei nos emails, um estrago. Pensei, afinal, sabe como, eu nem sei mais falar ao vivo e isso é a mentira que invento no email. no scrap, no cunversê. Serve pra nós que nem de frente nem de lado olhamos, é bom. Eu gosto, do texto, não do fato.

Amém.

Fabiano Silmes disse...

Uma voz por todas as vozes vindo de dentro do silêncio açúcar do cunversê!!!

Saudações Rod,EVOÉ poeta!!!