- Mais um general foi enterrado. O último general foi enterrado.
- Podemos passar por aqui? Não, está proibido.
- Aproximem-se, escravos! – e os escravos se aproximam.
- Somos todos incorruptíveis, não é mesmo?
Transportamos sem queixa o nosso fardo... nosso destino é obedecer mais um ídolo...
Aí eu nasci... me deram um nome... me ensinaram uma língua... me ensinaram do amor. E aí estou aqui amando. Amando. Amando.
O vencedor faz a história dos vencidos.
Ninguém sabe quem vai pegar em armas.
O professor não decidiu se vai pegar em armas.
Meus pais não vão pegar em armas. Meu tio acha que arma é coisa de gente sem inteligência. Ele acredita no trabalho. No progresso com o trabalho.
Por todo lado: homens se afogando.
Como eu ia dizendo... eu nasci... cresci... e me deram noção da barbaridade. E descobri mais tarde que realmente meus pais não pegaram em armas. Nenhum parente foi exilado, acusado, torturado.
A tortura acabou no Brasil. A tortura é a pior coisa que existe de todas as coisas que existem. Nenhum parente distante foi torturado.
De quem depende a continuação deste domínio? Onde está o filósofo, o advogado, o cavalo de batalha? E o herói? Quem vai sair em defesa da liberdade do homem? Nas ruas ao pé do ouvido ordens são dispersas. De quem são esses olhos que me fitam? De agora em diante, é minha voz. De agora em diante, é minha voz que domina.
Nasci em 1984 e não tenho nada a ver com isso.
FABRICIO
***
Assista ao vídeo-clipe "Cabra Cega" do Sol na Garganta do Futuro, recém lançado. Quase exclusivo para Maná Zinabre.
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
12 comentários:
gostei do texto. bom saber do blog e da participação dos meninos do Sol.
Maravilhoso...adorei!!!
Abraços mil!!!
estréia
bravo, hermanos. Pô, eu fiquei feliz!
Ora, bem vindos!
A casa é nossa!
Pô, eu não conectava esse texto à cabra-cega. E ainda pra melhorar tem o filme cabra-cega, cujo contexto é esse e bingo. Que legal, gente. Pô! Eu me agrado com esses moço. hahá!
Me desagrada de coração. Devo ter deixado cair em alguma parte, ou tô desprepardo contextualmente.
Deixado cair o que?
fala mano, o que te desagrda?
a música? a resolu~çao do vídeo? gosta mais de holywood? que hay, hermano?
Tem que falar, vc mete o pau e não se explica. Tá parecendo que tá só querendo é chutar o castelinho das crianças brincando na praia.
bom, fabricio, não tinha lido o texto ainda. Interpreto um saudosismo e culpismo aí. Sei lá. Acho que tem muita coisa de divã de aodlescente, muita coisa de colocar o problema no passado, mas não falando do passado. O olhar pra trás e dizer: putz a ditadura era ruim mesmo, é reificar aquela coisa de: hoje tudo é ruim, mas pelo menos se tem liberdade, foi um ganho da democracia. Mentira. Liberdade nenhuma. Quem tinha liberdade na época continua tendo hoje. E quem não tinha ainda rebola pra virar as contas. Aí concordo com o desfecho: agora sou eu, sai de cima! E achei o texto bom demais, como já achei os outros, mas esse é bom de verdade mesmo.
Realmente, peço desculpas pelo comentário covarde. Li o texto umas boas 10 vezes, e o ruim dele gritava pra mim. Daí a gente fica querendo cortar o óbvio, como se dar uma pontada, uma cutucada - como eu fiz - fosse fazer o cara refletir nas entrelinhas do texto dele e achar o podre da obra por si mesmo.
Tolice. Fui covarde mesmo. É que tenho ainda mais ojeriza da preguiça que da covardia. Na covardia você ainda pode gerar uma reflexão pro autor sensato. Na preguiça você diz a sua impressão sobre a obra, a impessão apressada, e não a síntese lógica e razoável que toda obra de arte merece.
Meu grito de descontentamento já foi sussurrado pelo Heyk aqui em cima. A opnião é bastante par. Também acho enormemente clichê e adolescente. Parecem ecos da mente de um neófito em sarais. E a crítica ao vídeo é a mesma. É bastante claro o fato de que, musicalmente, não há nada nem de bom, nem de novo. Dae o texto vem pincelado de boas frases, mas bastante descarrilado e desnecessariamente prolixo.
Aí vem o Heyk cheio da babaquice dele e cutuca: "gosta mais de holywood?"... Sabe Heyk, ess tipo de comentário deve afetar teus iguais ae, ou sei lá, mas é incabível com qualquer um desse nosso circulô, irmão. Incomoda e atrapalha pra burro... Mas tudo bem, se foi pra provocar, tem licensa.
O que eu tenho a dizer aos postantes ae do novo integrante da família Zinabrenta é que eu fico feliz com esse novo formato por aqui na revista - não só vídeo, mas contos também - e espero que as postagens que estão por vir me agradem à medida que eu for conhecendo melhor a proposta e o conteúdo de vocês.
Um abraço afetuoso e sincero.
Uma coisa, Victor, eu lhe garanto de antemão, jamais avaliaria texto dessa maneira. Nem de ninguém, dentro e fora dessa blog. Achei que aqui fosse lugar de experimento, de ineditismo, de frescor. Por isso, não lancei um texto pronto, acabado, revisado, sem divã. Muito menos me preocupei (aí é uma coisa de que não me importo mesmo) de esconder os clichês ou a adolescência das entrelinhas – até porque não sabia do patrulhamento mala-sem-alça que tinha nesse blog.
Acho que são tênues os limites. Tenho 23 anos e nem tão distante da adolescência e um tanto imerso em clichês. Ao que parece, você seja ainda mais jovem. Será que não é mais bonito a gente largar a postura opiniúda e conversar das coisas. Quando o Heik aponta o debate para se discutir liberdade, herança da ditatura (coisas que o texto suscita) vem você esbravejar o desagrado do seu coração. Para se debater precisamos TAMBÉM do coração. E só a gente precisa – cada um do seu.
Bicho, vamos deixar o entorno e debruçar sobre o texto (se isso te interessa)...
A última linha revela a idade do interlocutor. Revelando que ele nasceu no último ano da ditadura, que ele tem pouco mais de 20 anos. Que é um adolescente!? As opiniões dele são truncadas. Delirantes. Fragmentadas. Pouco claras, as vezes muito diretas. E algumas vezes fica na citação, no intertexto. É ingênuo achar que é preciso um herói para sair em “defesa da liberdade do homem”. É bobinho e clichê achar que a “tortura acabou no Brasil”. Ou que não se tem “nada a ver com isso” por ter nascido há pouco.
É clichê do texto. É o clichê de quem começa, timidamente, a remontar uma história recente que é sempre falada superficialmente – que vem da forma evasiva da esquerda inteligeeente. Acho que o valor do texto está justamente na franqueza dele. Na falta de maquiagem de forma ou em não-querer esconder os dramas do interlocutor. Se sente medo, mostra medo. Se é bobinho, fala bobagem. Se esconde alguma coisa, delira. E o texto acaba e o seu coração dói.
E o vídeo e a música... são por si só.
A diferença é essa, Fabrício. No que você viu valor, eu vi o podre.
"Se sente medo, mostra medo. Se é bobinho, fala bobagem. Se esconde alguma coisa, delira"
Reconheço o valor desse recurso, mas, por puro gosto, prefiro o texto planejado, traçado, de metáforas e figuras bem trabalhadas, com devaneios e argumentos bem conectados.
Minha crítica tá nisso.
Mas não julgo melhor. É o que me agrada. (É bom deixar esse tipo de coisa clara, já que tem causado vários desentendimentos. Pra mim é claro que se eu digo "isso é ruim", minha frase não constitua uma verdade universal, mas uma opnião minha, já que o locutor da opnião SOU EU).
E pô, eu não me incomodo nem um pouco com o patrulhamento-mala-sem-alça. Acho bacana e construtivo.
Um beijo, seu Fabrício.
bom, pra mim assunto encerrado.
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