17.1.11

Parte de uma série

Diálogo pós-colonial nº 1:

“Sou Viciada em final de novela.”
“Só em final? Não assiste ela toda?
“Não.”
“Mas como consegue saber quem é quem? O contexto todo da história, ganchos narrativos...?
“Olha, assisto o início e o resto vou presumindo, acompanhando no jornal, naquelas revistas de 1 real, sabe?!”
“Sei, sou fã desse tipo de coisa pop-bizarra.”
“Então... na verdade, basta saber quem é o Carlos e a Helena e a ambientação. É bem como disse, o resto é previsível. Não acha?”
“De que ponto de vista?”
“Como assim?”
“Se for do ponto de vista do Carlos, a vida é do caralho! Além da Helena, uma gata apaixonada por ele e a mais forte e madura da novela, há um séquito de mulheres disponíveis em cada esquina do Leblon, ou da Urca, ou de Ipanema, ou da Barra, ou da Lagoa e se o tesão for grande, mas só se for grande mesmo, da Tijuca...”
“É. O roteiro é até a Tijuca, no máximo. Por conta da UPP a classe média transita mais.”
“Pode crer... Se for do Méier é a alpinista social da trama.”
“Mesmo! A lógica é: Se mora no subúrbio ou quer sair de lá a qualquer preço, ou é um conformado que faz churrasco no domingo, em cima da laje ensolarada.”
“Que foda! Gostei da imagem. Continua.”
“Hein?”
“Com a descrição de um suburbano de novela”
“Ah é aquilo, né?! Escudo de time na parede da sala, barriga pra fora da calça... Aquele sujeito boa praça que sai de casa ao som da cuíca e vai distribuindo sorrisos e saudações até que alguém o pare pra beber uma cerveja. Aí durante a cerveja ele reclama do preço da batata e da indenização da fábrica que não sai nunca.”
“Corte pro núcleo rico da novela”

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