15.7.10

Na Ladeira

Entrelips, bate-boca suavis, com o JOANES, da SALA DO SINO, esta um encontrão justíssimo de música popular brasileira, grêmio móvel e incômodo aos carnavais montados por profissionais da alegria, dada que a alegria como se vê aqui na SALA, um sinônimo de rua, é coisa fácil, espontânea, um bloco sempre às prontas improvisando, um encontrão mesmo, e aí, malandrage, energia bombeando os perigo no coração, o SINO ABERTO, além de um mapa rápido da nova política sinfônica solta (sinfonia fig.: /conjunto variado e harmônico/) – Rio de Janeiro / fevereiro de 2009.
Por Rod Britto.


Adiantamentos reveláveis, mas céus!, pitai:

Obs 1: na ocasião e após rodar pitando esta lips de balão quem foi encontrado pra responder a mastigadas foi o integrante The Joni Joanes, do meu carinho, ao centro, mais conhecido mundo afora como Jesus, Joanes, arquicantorcompositor, só ele, que os demais, antes de qualquer jogada encima, na geral, também são cantorescompositores, graças aos céus e me deram assim um meio-balão, pudemos rodar, bancada.

Obs 2: Essa conversa fora ou boca queimada, como o quiser, agora subindo, foi intencionalizadamente – não, e não há nada de errado nisso – pensada e expremida no BrasilCarnaval2009, in blocu, e ainda não há nada de erro nisso, uma ou outra nave cerebêlica escapatórica. Nunca saiu. Beijinho-beijinho, mau-mau. No radar. Santo Paraíso.

Vamos começar pela Sala:
1 – Há mais portas de entrada ou de saída nessa Sala?

Joanes Jesus: Tanto uma quanto outra, há necessidade de dinamismo, o que não pode é haver estagnação.

2 – A que outros cômodos da casa, podendo ser o espiritual ou o material, ou mesmo por esquecimento ou uma hipervisão, essa Sala dá acesso? Responda-me agora ou procure-se no banheiro...

JJ: As salas são ambientes vivos, não necessariamente fechados, em pleno acontecer; salas de emergência, salas de parto, de estar, de justiça, salas públicas, enfim, o importante são as interações das pessoas que estão presentes nessas salas.

3 – Qual é a capacidade de baile real num espetáculo da Sala do Sino? A questão é: quanto é que cabe – antes de deixar vazar?

JJ: O baile é o culto à diversidade, o ritual; compreender, aceitar, admirar ou não, mas admitir a coexistência, cantar as alegrias possíveis e as fantasias prováveis.

Uma questão médica:
4 – Qual o plano de saúde usado ou mesmo atacado pela Sala do Sino. É mais sala de espera, consulta marcada, emergência, hospital de campanha, Upa!?

JJ: Dentro do possível o equilíbrio, o respeito, sabendo que o conflito é preciso e precioso, que a guerra também é divina.

5 – Também por saúde ou higiene mental, qual é a mensagem que nunca entra nas letras da Sala do Sino? Nas últimas batidas de vocês, acaba ficando algo de fora que chegou a ser cogitado? Ou é algo esse que nem pode chegar perto ao risco de até desenergizar?

JJ: De inveja, de ganância, de ostentação, de desumanização das possibilidades em conflito a todo instante, com relação a medos, valores, vontades.

6 – Em meio a tanta diversidade comunicativa e de expressão, os inúmeros despachos culturais do grupo, como é pegar de empréstimo alguma parte em potencial e se fazer de um silêncio ao não revelar que aquele talento não é o seu (é esse o empréstimo), e sim o do outro, isso por se tratar de um coletivo forte e unido como o da Sala do Sino, órgão puro coração? É tranqüilo lidar com a individualidade desafiadora de cada um, aquela que pipoca sem controle, em meio à coisa morna e respeitadora que deve falar mais alto no e pelo grupo? Ou pelo menos em teoria, os batimentos...

JJ: Realmente trabalhar junto é algo que nos propomos ser além dos limites comuns, nas brigas, nas revelações das relações. Estamos alerta ao turbilhão, tratando-o como nossa fonte de criação, e também dos momentos harmônicos. Mas parceria acho que é uma coisa espiritual mesmo e tão íntimo que vai pra lá da carne.

A Sala agora transforma o mau cheiro momesco em fofoca:
7 – Deixamos nessa secretaría eletrônica o seu recado, na Sala do Sino (blém-blém):
Alô, alô! Aqui é do Brasil, no momento não podemos falar, por motivo de um tráfego pesado de aerossóis, falha-nos a navegação, carretas viradas pelas unhas quentes da Dutra, por aqui, Ipanema vê chama, por aqui, Ipanema, vê chama...

Joanes Jesus: Alô ! seu Brasil... eu queria pedir pro senhor deixar as crianças pegarem manga amanhã pela parte da tarde; e se podia prender os cachorros até o fim do dia? brigado.

brasil-bituca:
8 – Seguindo esse sino de vocês, ele toca na hora oficial do Brasil? Um, ele, e outros, cês, estão de acordo quanto aos seus tempos e lugares... Comuns?

JJ: Justamente nessa hora oficial que fala o sino, que chama e ‘expanta’ demônio, que grita, intervém, que dança, que canta e passa o chapéu, passa por cima da roleta, pega moeda pelas janelas, pelas mãos de quem quis o bem desse trabalho. A quem possa interessar, paixão pelas vias.

9 – O que foi o Brasil ontem? Não vale contar por batidas; lembre-se de não se emocionarem, nem confundir batidas com batimentos... O batimento é coisa conjunta, de amar; já as batidas são soltas por aí, o impróprio Sino, fora de qualquer programa coletivo-despertador, a força do encontrão pessoal desferida pra cima de tudo, ih, acho que já inverti as coisa...

JJ: Os Brasis como um grande emaranhado cultural, terra tropical canavieira do ouro e do café, dos Sacis, dos Guaranis, dos Yourubás, dos Gês, dos Gegês, do português, dos mouros, do enriquecimento colonial, neocolonial, de um projeto fragmentado, de uma capacidade de originalidade absurdamente criativa, terra de enriquecimento predatório, seja pela sua condição e seu papel geopolítico histórico, ou seja pela força que insiste em cultivar o velho capim. "Brasil pra mim "...

10 – Agora nos diga sobre o Brasil daqui a pouco, quando vocês já não precisarem mais tocar as mensagens pra frente e acabar esse carnaval. O Sublime há de virar lei ainda, de um modo geral, ou a obrigatoriedade só virá mesmo sempre após os sessenta?

JJ: Não entendi a questão.

10.%1 – descontando, é o Saldão da Sala – Dizer do futuro, sampa-meu: releia a parada: se cês acham que o que propagam hoje ludicamente na Sala – e até subliminarmente, por que não? – pode um dia a ser regra – e pra não ser tão formal e instituído – virar hábito, costume, enfim, com algum emprego natural do brasileiro cozido comido comum, que impregne moral e socialmente advindo do curso da Sala. Os bons dizeres de praça. Mais os valores de dentro da sala cultural. Tipo um legado, para além da geração de sessenta (anos60/70 em idade e tudo) que, aí sim, institucionaliza a coisa, encarece e encareta pra museu ver e comprá, pero qué lata, muchacho! Aguardo resultads de consulta brevis.

JJ: O futuro é algo misterioso, ninguém ousaria prevê-lo apesar de imaginarmos sempre um resultado pra equação presente.

Outra questão de tempo, havendo tempo:
11 – A que horas do dia e quantas vezes repica o Sino da Sala? Arrepia ainda muita gente ou é só uma formalidade crônica dos juízos enraizados, dos valores bem ensaiados, fechados às constantes revisões e distorções ultra-modernas, ainda com horas de entrar e sair, e o recreio, bem rígidas? Lembrem-se: ao encararem qualquer nota como provocação, haverá sempre uma batida em retirada, o soar da fuga, comportamento já bem usado, das antigas, ainda que farelo tipo moderninho, o como se relê a coisa...

JJ: 80 batimentos por minuto, dormindo, de pé, no chuveiro, no café da manhã, junto com o coração a cada circulação do oxigênio que o sangue transporta (intervenção: primeiro sino). Sobre o comportamento é algo em mutação constante, é sobre valores, sobre tabus, prisões, a ânsia de qualquer coisa, leva o ser a transgredir barreiras, e sendo assim acredito na necessidade das discussões, aonde se chega a partir delas é uma coisa individual, e nós respeitamos isso. Mas é fundamental que haja as discussões, e que as pessoas estejam dispostas a elas. (sinal lap)

Pergunta extra, pra ouvir de trás pra frente:
12 – Qual o ponto cego desse arrepio (ou não), desse repicar? Nem muito nem pouco...

Joanes Jesus: O ponto cego é o nó que não sabe mais se desatar, que não pode e nem quer, ele existe assim e assim espera arrebentar antes que alguém o disfaça.

Agora então, vira-se o Sino; falemos ouvidos de música, salimo...

O material da Sala do Sino pode ser encontrado generosamente nos seguintes sítios bolhadíssimos de talento e de suor, sem muitas frescuras cruztatuagens:
http://www.myspace.com/nasaladosino ;
nasaladosino@gmail.com

Trabalhos lançados e atirados até agora:

Disco Barriga das Flores;
Disco Petróleo do Futuro (em mira, a estourar idem, logo encontradão por aí)

6 comentários:

Rachel Souza disse...

Me perdi no meio do laiá, talvez tenha sido essa a proposta. Perder-se na ladeira.
Xêro.

Victor Meira disse...

Po, adorei quando o Joanes respondeu:

"JJ: Não entendi a questão."

Isso precisava ser feito em alguma parte da entrevista, hahaha.

É dureza a escrita do Rod. É um rococó danado, que talvez se proponha por uma tradução (ou uma leitura) sensível da fala contemporânea, com oito piadas e sacadinhas por frase, lotadas de digressões e construções confusas.

Pronto, tá aí o Vitão mais uma vez birrando com o jeito do Rod escrever.

Acho lindo e danado de cansativo.

Um cafuné nucê, Rod.
E viva a Sala do Sino! Twittei completamente.

Philippe Bacana disse...

Na Sala foda!!! boto fé!

Anônimo disse...

Adoro a paciência do Vítor comigo, sempre me dando alguma chance, o que pensar, enfim, somos humanos; vai ver melhoro gramática alguma hora, a gramatura da escrita, ou só fico mesmo na pele, me preocupando com o que ele acha, e sem comentários, tomara, o que, no fim das contas, acho melhor, previnido, deixar de fazer logo, o jogo esta semana, tampouco as visuais, olhos invandindo olhos; literatura não é nada; melhor é o que vai por trás, ou na frente de tudo, gerando - aliás, pra mim, sem querer ficar de bem com Ele - isso sim condição bem contemporânea e sacana da parte de muitos bailinhos - é ele um ótimo escritor, procurem ler, e que deve ter os melhores e mais desafiadores motivos, água! (a quem quereria uma batalha canavirtual), porque acho que aqui no blog todos já o conhecem e admiram, free-pass, aceitadíssimo, o escritor Vitor Meira; até chupando cana dá vontade e eu o releio. Pra mim, ele ler qualquer pessoa, homem bem mais concentrado que é, já está ótimo, de bom tamanho, juro. No mais, sem qualquer ressentimento de minha parte ou pena de mim (ele, na de humilde, sabe), me parece que, crítico, comigo quer sempre justíssimo me desmembrar, e falando a todos, ao contrário do que já fiz algumas vezes respondendo-o 'pessoalmente' via e-mail aos seus comentários valorosos ou comovido com seus contos, euzinho, sempre anestérico; já ele, justo pra mim (mereço, fazendo mal como faço!), quer alarmar a todos, mas aqui, como nas outras, com total sinceridade acaba me pondo na roda também, o que só lhe faço quase agradecer, por poder ler igual (por isso, de primeira vez, escrevi agora a todos também). Mas, contudo, a todos, o que gerou isso tudo agora, me 'perdoem' (hã!, peraí Rod, não é assim tamém!), a última folga e o ter postado esta soltura neste mês no Maná, cego bate-papo: mas eu e o Joannes estamos noutra, somos fiéis e a parada rola satisfatoriamente, de acordo com nossas mais sensíveis realidades e verdades culturais, é sangue e porra!; faz nosso dia a dia, zera todo distúrbio que causar, e eu o quis mesmo, soltei ainda mais; refolgaremos eu e ele em breve, ainda mais, por achar que vale a pena, aquela coisa dos humanos, e aqui se a prevenção de alerta deixar. Talvez não consiga mesmo me adequar ao ranço ou ao satisfatório mando crítico do Meira, o Vitão, por ignorância repetida, ao mano dele. A mim isso dele acrescenta; cuidado tomar só é na audição da Sala do Sino, pois, ao risco de acabar tudo, sei lá, desarranjar, ainda que via twiter; os cara são muito energizados e sérios, o que me deixará com alguma culpa na parada, ao tempo que seguro, mesmo assim, em pólos, encontro de gigantes. Seu cafuné ao final já dispenso; prefiro suas críticas e demais sentimentos de virtude ou revés, pra mim é aprendizado, estudo, coisa subjeiva, que só com alguma burrice se por no meu papel. Que continue ele assim. Pra mim é luxo sua leitura. Vitor Meira, o homem dos mais respeitosos pregos, poderosíssimos na prancha ou na folha dos olhos todos. Ah, sei lá, cansei do incançasso do Vitor comigo, ou de seu cançasso armado, eriçado, sei lá. Sei que ele também não quereria uma cana-virtual; estamos soltos; alô-alô Vitor, não vamo mais com essa, não! Caso não, ao responder eu, outra, me coloque nos narcóticos. Prefiro mesmo é seus livros. Sim. Escorreguei em dizer. E se tiverem, alguém, algo novo em primeira mão de cumprimento, desmandem-me já, ali é coisa na melhor das intenções e resultados... Ele mesmo tem meu endereço. Vivo bem por aí. Abraços, Rod Britto.

Victor Meira disse...

Tô tentando juntar aqui o que sobrou de mim depois dessa resposta.

É, não sobrou nada mesmo.

Vou ver se respondo por email, já que aqui tem o incômodo de todos os olhos.

Victor Meira disse...

Aliás, vale pontuar o que o Heyk me disse uma vez: "Vitão, o Rod é 100% assim, a escrita não vem assim por intenção ou por capricho estilístico não. É genuíno, é o jeito dele escrever, de se expressar".

Eu acho animal tua escrita, Rod. E fui sincero ao dizer tudo ali no meu comentário. E não vem com esse papinho de Vitão-rolão não, cara, nada a ver. Não quero tua adequação ou tua escrita alterada por um comentário meu, puta idéia maluca e bonita de se dizer na posição assumida por você na tua réplica. Meu comentário é pra você saber como teu texto rebateu em mim - e se te interessa, use, se não, jogue fora e bola pra frente.

O Heyk fala sobre isso nesse post aqui: http://manazinabre.blogspot.com/2010/05/o-horoscopo.html

Adoro você, Rod. É você que tem que vestir essa coroa e essa capa na frente de todos. Rod-rolão.

Pronto.