22.4.09

ele, na noite, da foguera

eis que a rosa se deita
caliente, silente
bem em frente a janela de sua alma.
como crer e decifrar
essa beleza infinda porque incompleta?
ser da cor de suas asas o âmago de seu desejo
e ser de dentro essa amplitude de paisagem
que derrama em seu sertão
toda vertigem de oásis cálido, molhado.
eu ví como vagavas de olhos abertos
no devaneio dos mundos de amor
e voando, se fazia nu
vestindo apenas fantasias de um corpo sedento,
fazendo apenas melodias incertas e precisas
quando seguia expandindo os espaços de meus horizontes secos.
eis que se chega em uma fonte
tão escondida que revelada, pois desejada ardentemente,
e jorrava até milhões de espaços além de teus olhos.
e ví o rastro dessa fonte selvagem, senti seu cheiro,
em pleno mar. e olhava para as montanhas.
tão distantes que seria possível?
e escorre o fio de água doce,uma poça, pura cristalina
iluminada pelo sol dentro dos olhos do homem amante,
que hoje se faz homem, que descobriu na noite
e no calor, movimento do fogo
vencendo medo e vontade de morte, bebendo fogo tão íntimo,
o que é vir a ser o homem, um homem.
nas canções que perpassam amores
de planta nascida em sertão ardente
eis que brilha uma estrela
e de longe te marca na pele, com fogo,
o brilho de saber-se um, uno.
ah! olhos de cosmos
vida de vento
fogo de ar...
o menino saboreando a fruta
sem saber que a fonte infinda
e o sabor da manhã eram a própria vida
inteira e íntima e desconhecida,
que virou quintal a árvore e a respiração.
volta a noite pro coração do homem
que é onde as estrelas brilham
e o medo um vácuo de nada existir
e espaço e surdez e vazios
vagando errantes e solitários.
que pedra que voa!
que ar ao redor!
dessa noite tão incógnita e vasta e pura.
e vasto no coração do homem.
ele acorda,
vê o pássaro
deitada no botão do dia,
e viu que era manhã cedo
e a música que tocava era da aurora dos dias
e viu que tinha café, pão e fruta
e viu que a vida realmente acontecia
dentro e móvel
do seu âmago mais profundo
querido e desejado.
abriram-se o dia e a noite
só que agora
já não era vasta e vazia e horrenda
mas sim, o deitar na pétala de uma flor
e ser o tempo
como se todas as estrelas brilhassem
no seu peito agora.

6 comentários:

Caco Pontes disse...

tipo, parnasiano XXI
densa a parada.
axé!

Rachel Souza disse...

Mas esse blog tá um fogaréu só.rs
Volto pra comentar direito.

Guto Leite disse...

Fogaréu mesmo! Inspiradíssimo!! Concordo com o lance formal que apontou o Caco, mas com palavras acessíveis (XXI). Que beleza! Sou antiquadro, sorrio emocionado diante de um grande poema...

Heyk disse...

eu achei que o poema era do isaac. aí vi, não era, era do william, aí vi que era do tomaz, que engraçado ler o poema e ir imaginando isso.

Muito poemão mesmo, tomaz, interessante, uma saga. uma saga.

tô com as sagas na cabeça.

Dá um livreto.

tomazmusso disse...

háhá galera, obrigado. postei ele pra testá-lo pois nao o conhecia direito...beijos!

Heyk disse...

tomaz,

eu não concordo com esse de parnasiano!

Achei o poema bom e só, os parnasianos são chatíssimos.

Esse poema é bom, galera, rico em imagem, em sensação.

Dá-lhe tomaz.