.................................................Aquarela s/papel, 2008.
............................................“Não há saída viva da vida”
..................................................Armando Freitas Filho
Virar para um lado
virar para o outro.
O atrito das costelas
o atrito das idéias.
Virar uma página
virar outra.
Um lado do disco
depois do outro.
Desejo de consolo,
desejo de calmaria.
De presente
suor e ranger de dentes.
Vira um copo
vira outro.
Buscar em todas as filosofias
Vasculhar no íntimo.
Pendurar fantasmas
Debater com o sórdido.
Esquiva-se
pra não se ver vestido do que recrimina.
O medo desce na penumbra
lento e decidido.
E ainda pode se levantar em fuga
ainda pode correr
(e quando não mais?).
E chorar e praguejar...
Ter os olhos vazados pela claridade.
A poeira baixando.
De repente
a realidade curvilínea que ofusca.
Encara o corpo nu no espelho.
Vira o rosto.
Procura por qualquer máscara que lhe cubra os olhos.
Dúvida
receio.
Vontade de se encontrar
até se perder
e novamente...
E o desejo de afastar pro lado
o riso mesquinho que a cara pintada não esconde.
Ou a expressão débil que a fotografia lhe rouba.
E vê a pele cair
e tenta retê-la.
Os pés no trampolim
Momento sem desvio.
É a dor da mudança.
O salto no escuro.
Ponto culminante
onde não há recuo.
Do livro Fragmentos do imaginário.
Perdão
-
Quisera ver-te em suplício
mas logo me dou conta
– e, de tudo, logo isso! –
que tu és eu.
Sou eu quem me amedronta.
Quisera acusar-te de tudo...
Um comentário:
Gostei muito, Will. Vários versos me falaram alto! A aquarela também, cheia de talento! Sigamos, poeta
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