25.2.09

Limite

.................................................Aquarela s/papel, 2008.

............................................“Não há saída viva da vida”
..................................................Armando Freitas Filho

Virar para um lado
virar para o outro.

O atrito das costelas
o atrito das idéias.

Virar uma página
virar outra.
Um lado do disco
depois do outro.
Desejo de consolo,
desejo de calmaria.

De presente
suor e ranger de dentes.

Vira um copo
vira outro.

Buscar em todas as filosofias
Vasculhar no íntimo.
Pendurar fantasmas
Debater com o sórdido.

Esquiva-se
pra não se ver vestido do que recrimina.

O medo desce na penumbra
lento e decidido.

E ainda pode se levantar em fuga
ainda pode correr
(e quando não mais?).

E chorar e praguejar...

Ter os olhos vazados pela claridade.

A poeira baixando.

De repente
a realidade curvilínea que ofusca.

Encara o corpo nu no espelho.
Vira o rosto.
Procura por qualquer máscara que lhe cubra os olhos.

Dúvida
receio.

Vontade de se encontrar
até se perder
e novamente...

E o desejo de afastar pro lado
o riso mesquinho que a cara pintada não esconde.

Ou a expressão débil que a fotografia lhe rouba.

E vê a pele cair
e tenta retê-la.

Os pés no trampolim
Momento sem desvio.

É a dor da mudança.
O salto no escuro.
Ponto culminante
onde não há recuo.

Do livro Fragmentos do imaginário.

Um comentário:

Guto Leite disse...

Gostei muito, Will. Vários versos me falaram alto! A aquarela também, cheia de talento! Sigamos, poeta