5.11.08

Breve revisão teórica sobre o virtual (isso vai virar um metablog)

A virtualização, segundo Pierre Levy, não é desrealização, mas desterritorialização. A sua definição nos leva à idéia do virtual como algo diferente da simples supressão do real e do atual (sendo o real a espacialidade e o atual o agora desse real), na direção do que ele chama um processo de transformação de um modo de ser num outro, ou ainda uma transformação inversa (Levy, 1998, p. 12). No capítulo intitulado O que é virtualização?, Levy desmistifica a idéia de que o real e o virtual compõem uma oposição pacífica, ou simétrica. Ele busca na etimologia latina da palavra a sua conexão com potência e força. Aí, falando em termos conceituais, explica que o virtual não se opõe ao real, mas ao atual, (retomando Deleuze) e exemplifica que a árvore está virtualmente presente na semente (Levy, 1998, p. 15).
Levy refina sua conceituação do virtual citando Deleuze, em Différence et répétition, um texto onde se distingue o virtual do possível. Este último já estaria todo construído, mas permanece no limbo e se realizará sem que nada mude em sua natureza; o primeiro não se opõe ao real, mas ao atual, e não estaria acabado porém em um processo de resolução chamado de atualização.

Trecho de Teoria e prática do hipertexto literário: análise da semiose do vídeo poema, de Luciano Rodrigues Lima – professor da UFBA e UFEB -
fonte

5 comentários:

Victor Meira disse...

Uma vez que o virtual torna o espaço praticamente obsoleto (ou ao menos independe do tangível), o entendimento do mundo entra em metamorfose. Coisa nova a da "atualização", porquê é como se, já que o virtual não se opõe à natureza do real - o tangível, o espacial - opõe-se ao tempo (ao opor-se à atualização)?

Mas aí o tempo é da natureza do real - e portanto, o virtual, nesse sentido, não passa a opor-se ao real?

E se o Arthur Clark for profeta, a gente vira monolito por processo de virtualização prática.

Puta texto legal, Heyk. Boa referência. Deleuze já na na estante da fila de espera. Quero ler Pierre Levy.

Gabriel Ferreira disse...

isso que você falou de ler os carinhas das aulas né...é, ainda dá pra ver algumas brechas

Tulio Malaspina disse...

Cara... definitivamente é a atualização dos processos. Mas algumas vezes vejo como somos superficiais. Nossas atualizações acabam por serem facilitadores, catalizadores. Não perdemos o conteudo, mas deixamos de explorar o longo processo do criar.
Ou ele só era longo quando não estavamos catalizados?
Meu medo é que o novo artista do seculo seja andy warhol. Um estilo aqui, um sublime ali e pronto, arte!
é uma pergunta: o conteudo se perde em meio aos tantos meios?
onde foram parar as obras primas?

grande abraço!

Rachel Souza disse...

O Virtual pode ser real? De acordo com Deleuze, o irreal não é sinônimo de virtual. O virtual é a indistinguibilidade entre o real e o irreal.

Rachel Souza disse...

Ah... e tb quero ler Levy...rs
beijo!