3.8.08

FLAP



!Hola amigos! Em Sampa tá rolando o Flap - uma "festa alternativa de literatura" - que começou dia 1, e vai até essa sexta, dia 8. O evento tá na quarta edição, e tá bem movimentado. O clima é bem descontraído, a língua oficial é o portunhol, e rola a participação de um punhado de escritores, poetas e dramaturgos de toda a américa latina.

A abertura, no dia 1, foi lá na Biblioteca de Poesia Alceu Amoroso Lima, e teve a presença de poetas como Alfredo Fréssia, Frederico Barbosa (diretor da Casa das Rosas), e o Eduardo Lacerda, do pessoal d'O Casulo. A apresentação dos autores ganhou seqüência com uma discussão curta sobre a relevância da poesia, e sobre a poesia contemporânea na américa latina. Coisa leve, com cara de introdução de evento.

Hoje, domingo dia 3, a coisa foi mais ampla e os debates foram mais focados. O lugar foi a Casa das Rosas, ali no começo da Paulista. O freeshop de poesia foi comportado, mas teve pontos altos. O poeta Berimba de Jesus (do grupo Maloqueiristas), ao explicar aos amigos hispanófonos os significados do termo "Maloqueirista", retrocedeu à origem da palavra e seguiu pela multiplicidade do seu uso. De certa forma, a explicação levou ao assunto da vivência do poeta em São Paulo, e dos tipos de públicos aos quais declama e oferece sua arte. Seguiu-se, ao relato, a impressão de cada poeta convidado a respeito desse cenário poético existente em suas respectivas cidades. Coisa bacana.

Dei um pulinho rápido no freeshop editorial, e o assunto ia bastante relevante. Discutia-se, entre muitas outras coisas, o livro como objeto de fetiche e a conseqüência social disso. Tinha gente da Cosac Naify, da Toró, da Amauta, entre outros convidados.

O freeshop de dramaturgia (do round 2) foi legal, e teve a presença do dramaturgo e poeta cubano Reinaldo Monteiro, e do diretor de teatro Rodolfo García Vázquez, dos Satyros. O debate - também super comportado - girou em torno da dramaturgia contemporânea, e eventualmente se expandiu à arte toda (chegando ao caso do cachorro-arte morto de fome, pra variar um pouco).

Às 17h teve leitura de poesia - sem dúvida, o clímax do evento hoje. O poeta Héctor Hernándes Montecinos foi especialmente encantador, com as poesias cheias de beleza e conteúdo que trouxe à voz.

Por fim, logo depois da leitura, rolou o Posto da Polícia Aduaneira (Maloqueiristas), com música com linha narrativa. O espetáculo - que tem dança, gente com jeito circense e expressão plástica - começou bem acanhado, mas foi ficando bom. A última música foi ótima.

Enfim, foi um dia de poesia, de encontros e debates. Um dia de pouca discordância, de aceitação de idéias, todas em tom de sensatez e amizade. Bom pra requentar umas idéias meio frias na cabeça. Bom pra conhecer poetas e trabalhos diversos; renovar o círculo de leituras. Bom pra viver poesia e arte.

4 comentários:

Guila Sarmento disse...

A poesia de rua de São paulo está mais organizada, Pedro Tostis, que tive o prazer de confabular junto, está fazendo um ótimo trabalho de organização, vocês leram os dois últimos poemas dele na nova revista maloqueirista? Coisa fina coisa fina...

Já o nosso Rio tem essa despretensão das coisas espontâneas do ar, mas não era nada mal um Pedro Tostis carioca afim de organizar algumas coisas...

Victor Meira disse...

Hahaha, olha só que bonito. O pessoal aqui costuma elogiar o Rio. Diz-se que aí a recepção é melhor, pois há uma cultura que aceita as intervenções poéticas expontâneas, tentativas dos poetas de sair por aí expondo sua arte.

Aí pintam São Paulo sempre com cara de instituição, dizendo que aqui há uma hostilidade quase paranóica com essas intervenções.

O Berimba, dos Maloqueristas, contou até um caso em que a polícia arrastou eles pra fora de uma praça, por estar "incomodando" os passantes com sua poesia.

Dizem que o Rio recebe melhor a nossa brincadeira.

Guila Sarmento disse...

pois é, favava de publicação de zine, neste sentido é que estão se organizando melhor e coletivamente.

Heyk disse...

Sabe o que não era nada mal:
em vez de chegar um messias da organização da poesia: cada poeta tinha de se tocar do papel que tem na geração: é muito mole ficar olhando pra cima e falando:

bem que podia ter um cara pra nos organizar.

é ruim, hein, quem sabe faz a hora, e viva o vandré véio.