E ele disse sobre um céu de brasa, um vinil que cambaleava, sobre o sono e o sonho. Disse também de um amor sem asa e da roda gigante... Disse muita coisa em poucas letras. E, como quem pinta sobre borrões de tinta pincelados por mãos alheias, ela disse:
Para ser menos amargo, o “céu de brasa”, que arde nos olhos e queima a pele, deveria ser mais belo do que quente – se conservaria a cor crepuscular, secar-se-ia o suor que escorre da face como gotas de fastio; o sono deveria ser menos importuno no correr moroso das horas inexatas de um dia de pedra; e o sonho... bom, este tem seu lugar na interface do querer e do quase-possível.
Eu quis que a vitrola, que cá guardo comigo com a asa quebrada, se reabilitasse para que eu pudesse nela ver um vinil cambalear dançante na cadência de uma música que no seu giro me envolvesse. E com a imagem do vinil cambaleante ouviria o chiado poético que só as vitrolas sabem compor, sem verso, sem rima e letra...
“Amor sem asa” sobrevive?
O que ficou daquele texto amargo, tingido de cinza, para além do que me escapa, foi a vontade imensa de riscar o céu com o dedo, do ponto mais alto da roda gigante, que para ele, “é só um jeito antigo de tocar o céu”.
(Entre aspas trechos do texto “De dentro” do Heyk Pimenta:
http://beijodesal.blogspot.com/2008_02_01_archive.html)
Um comentário:
priscila ! vc escreve com a precisão de uma pena...
lindo texto
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