17.9.07

Resenha - Passei por lá.


2ª edição. Por pedidos essa edição vem com notas do tradutor e correções ortográficas de erros que saíram à publico por falta de revisão e ainda um comentário a mais a respeito da música no espetáculo. Obrigado pela compreenssão.

Eu passei, vi o povo juntando, mas não cheguei a ir ver se eu conhecia o morto, ou o estribuchante. Bom, a sensação foi essa. Tirando uma parte, nessa até achei que o morto era meu parente. Mas para o resto digo: sim, passei por lá.

Neste sábado, 15/09, às 20:00hrs, depois de ter passado uma meia hora na fila esperando as desistências, fui com a excelentíssima primeira dama, minha esposa , ao CCBB – Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, ver Homemúsica, a terceira parte da trilogia Regurgitofagia, Dinheiro Grátis, Homemúsica, que estreou nessa quinta, 13, e vai até dia 28 de outubro, peça escrita, dirigida e encenada por Michel Melamed, primeiro poeta, depois ex- CEP 20.000, ex- Comentário Geral, atual apresentador do Recorte Cultural, melhor programa da tv aberta no Brasil.

Tem muita coisa ali, caramba, tem mesmo. vamos imaginar o seguinte: essa brincadeira do circo de variedades simultâneas, do multi-tudo apertadinho, que é moda unânime para a nossa juventude pseudo-intelectual carioquesca, a la Filé de Peixe, Geringonça, Cep 20.000, Lap Top Violão, a Mariola ou os capixabas Sol na Garganta do Futuro, sabe? Música, teatro, vídeo, poesia, performance e alguma coisa grotesca no meio, pois é. Homemúsica traz em processo de pesquisa, susto e desconforto e humor, um grande (talvez dentro da sua premissa e proposta o melhor) circo de variedades simultâneas, e não achem que isso é xingamento - como eu já disse é unânime.

O negócio do Helicóptero, O Protagonista é assim: ele é um prodígio, um santo da música, uma coisa que a cada osmose celular faz som de algum instrumento musical, que faz música com o corpo, perna, braço, pescoço, o resto. Ele é um menino, um moço, rapazzz, que vive os dramas sócio-geo-político-psico-dramatúrgicos-ambientais na tentativa de se explicar e de, como todos nós, virar um astro, também unânime. A peça sofre por falta de misé-en-scene, se é que dá para falar de misé-en-scene no teatro (vamos brincar que dá), se é que o monólogo do Michel – em que grande parte do espetáculo ele se junta à guitarra com a coadjunvância de uma banda, nos formatos de banda, convencional mesmo, de música - dá para ser carimbado na testa com a inscrição de teatro, de peça, que seja. Ou se talvez tenha até essa tal misé-en-scene só que os parênteses são tão grandes que o espectador se perde mesmo. Aí aparentemente, com ou sem misé-en-scene, parece que ela falta.

Mas tenho que de respeitar e consagragar duas coisas. Primeiro: sendo peça ao não, o espetáculo, ou show, a música não é inovadora mas é tecnicamente interessante, principalmente nos metais e percussão, as letras são à altura do resto do espetáculo e as versões são louváveis. Segundo, o trombone e tocado por movimentos de quadris que ficarão marcados como umas das faces inovadoras do espetáculo.

A história que é contada do avesso. O que já está com uma certa normalidade, mas não se empobrece por isso não. E no mais, e olha que eu já tinha chego [nota do tradutor: do português coloquial assimilado - chegado] à essa conclusão antes, só a experimentalidade é mãe de todas as coisas. No que tange a linguagem, a construção do período e a fala junto isso ficou claro de verdade e deu para tirar a boina em honras. Agora o que eu disse no começo, que teve hora que parecia que o morto era meu parente, vou explicar: No fim da conta se a história é decidida no bureau, a vida, a nossa, é decidida no próprio quarto, como sempre, quatro paredes. Sai a peligrinação [nota do tradutor: do português padrão peregrinação] do guerreiro e entra a vida doméstica. Ê Helicóptero.

Agora, se é para ver ? É para ver, e para ver mais de uma. A questão é essa coisa que é minha, de um espírito meio maracatu tribal, que gosta do que deixa em trânse. E isso o Homemúsica não faz.

9 comentários:

Anônimo disse...

Heyk, Paranóia ou Mistificação? (correndo os mesmos riscos de Monteiro)



"A história que é contada do avesso, o que já está com uma certa normalidade, ma não se empobrece por isso não."


"A história que é contada do avesso, ..."?????????? (contunuidade? cadê o verbo ligado ao "que"?)




"eu já tinha chego (...)"

À la "fi-lo porque qui-lo"?

...

Tirando a do "chego", que eu achei cômico mesmo (hahahaha), o resto é só uma busca por esclarecimento.

Abraços.

Anônimo disse...

Ah, tem mais um comentário lá no post "Sol na Garganta do Futuro"...

Abraços.

Anônimo disse...

pera pera, tem mais uma gritante, porque se é para ver, é para ver mais de uma, né?

peligrinação?



PELIGRINAÇÂO?

Heyk disse...

A história que é contada do avesso...
isso mesmo.
Ô, nêgo. É isso mesmo que eu quis dizer.
Qual o problema com o chego? Também foi isso que eu quis dizer. Poeta, irmão. Poeta. A língua e o idioma me pertencem, a medida em que eu erro, ou recrio, ou recrio o erro. Peligrinação sim. Rapaz, eu já dou sorte e acho graça de segiur tanta regras. Já chega às de trânsito e as criminais...Com as da gramática eu me divirto.

Achei super legal vc escrever.

COntinua caçando coisas estranhas, aí vc lê mais nosso blog.

Foi um prazer felipe. Ah, mas conta pra mim quem vc é!

Abraço.

Heyk disse...

Bom, atendendo aos pedidos, está disponível on line a segunda edição da resenha

Anônimo disse...

Concordo que os movimentos dos quadris do músico que toca trambone é uma das
partes mais marcantes e engraçada do espetáculo, não peça de teatro... acho
tb que é muito confuso, principalmente o começo pq a fala é muito longa e
muito rápida e ainda tem a fala que está sendo escrita passando atrás do
Michel. Bom não sei mas tive que me organizar bem pra não me perder e me
perdi mesmo assim.
Tirando essa confusão que ocorreu na minha cabeça na hora do espetáculo,
gostei de todo o resto. Da música engraçadíssima, do humor que teve desde o
primeiro minuto até o último, gostei muito do "porrrra" da velhinha do
ônibus ("imaginem a Fafi Siqueira ou a Nair Belo..."), lembra Heyk!?
Fora que o Michel por si só é engraçado.
Também acho que o espetáculo deve ser visto mais de uma vez!
Pena que estamos sem grana, né!?
Mas é um valor legal nós é que estamos duros!!
Beijos!!! Se eu lembrar de mais alguma coisa escrevo.
Carolla

Anônimo disse...

Como diria meu mano Rafael... português certo é um latim errado.

FABRICIO

Anônimo disse...

wena heyk. gostei da resenha, é bem diferente das suas estorias. eh cara, vc tem um estilo mto proprio nos seus relatos de ficcao, o que é bacana. assisti o homemusica, gostei da peca. mas esse cara que faz a peca é um merda. la na praia vermelha quando ele foi dar uma palestra, eu perguntei para ele qual que era a validade de fazer teatro se o teatro atualmente so serve para divertir a classe media alta? para os ricos irem e derem um par de risadas?
ele negou completamente que o teatro atualmente era para a elite burguesa, falou que eu estava completamente errado, bla, bla bla. cara, um cara que nao assume que o teatro é pra burguesia, e a partir dessa reflexao transformar-se fazendo um teatro politico de denuncia social, nao merece o meu respeito.

Anônimo disse...

essa revista aqui é bem bacana.